BCE rejeita sugestão para perdoar dívida

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Direitos de autor FRANCISCO SECO/AFP
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De  Isabel Marques da SilvaDarren McCaffrey
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A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, reiterou no Parlamento Europeu que a recuperação deve centrar-se no investimento, sendo que grande parte da verba para tal estará no fundo alavancado em dívida comum.

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A União Europeia precisa de investimento público para lidar com os efeitos da pandemia, mas é impensável anular parte da grande dívida pública acumulada por muitos dos Estados-membros.

Essa é a posição do Banco Central Europeu (BCE) sobre a carta assinada por uma centena de economistas, na sexta-feira, que pediam o perdão da parte dessa dívida que está nas mãos da instituição.

Os signatários escreveram: "É nosso dever apontar para o facto de que o BCE poderia dar imediatamente às nações europeias os meios de para uma recuperação num modelo ecológico, mas também curar os graves danos sociais, culturais e económicos sofridos pelas sociedades durante a devastadora crise de saúde da Covid-19".

"Momento errado para esse debate"

No dia em que a presidente do BCE, Christine Lagarde, foi ao Parlamento Europeu, o eurodeputado belga que é co-líder dos verdes, Philippe Lamberts, sublinhou também o perigo da medida: “ Eu percebo que há muitas críticas aos estatutos do BCE e a algumas limitações do Tratado da União, mas para ser franco, não penso que se deva fazer este debate agora". 

Agitar agora a bandeira do cancelamento da dívida não será a melhor ideia no sentido de promover a unidade entre os líderes europeus de forma a avançar para a próxima etapa.
Philippe Lamberts
Eurodeputado, verdes, Bélgica

"Recordo que, recentemente, foram feitos progressos sobre dívida comum para financiar o plano de recuperação europeu. Agitar agora a bandeira do cancelamento da dívida não será a melhor ideia no sentido de promover a unidade entre os líderes europeus de forma a avançar para a próxima etapa”, acrescentou Lamberts, segunda-feira, em entrevista à euronews.

Christine Lagarde reiterou ao Parlamento Europeu que a recuperação deve centrar-se no investimento, sendo que grande parte da verba para tal estará num fundo alavancado em dívida comum.

“Embora o apoio a nível orçamental seja crucial neste estágio, deve ser direcionado para medidas que ajudem a promover o crescimento económico. Neste contexto, o pacote inovador que é o Fundo Próxima Geração da União Europeia deve ser implementado de maneira a que a União Europeia e todos os seus Estados-membros saiam da crise com estruturas económicas mais fortes e uma alta coesão”, disse a presidente do BCE.

O BCE detém um quarto da dívida dos países da zona euro e um perdão significaria que os governos desses países se livrariam de pagar 2,5 biliões de euros. O banco considera que tal medida minaria a confiança dos mercados internacionais na moeda única.

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