Alerta de possível limpeza étnica na região do Tigray

O governo da Etiópia refuta as alegações do secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, de poder estar em curso uma limpeza étnica na região do Tigray (Tigré, em português), no norte do país, junto ao Sudão e à Eritreia.
A região é palco há quatro meses de um conflito armado entre milícias fiéis ao deposto governo regional, agora denominadas Frente de Libertação do Povo do Tigré.
O governo etíope refuta os relatos do chefe da diplomacia dos Estados Unidos e resiste à exigência das Nações Unidas de um relatório independente à situação no terreno, sob suspeita de estarem em causa eventuais crimes de guerra e possíveis crimes contra a humanidade.
As autoridades etíopes prometem o seu próprio inquérito para breve. "Assim que o relatório da investigação estiver pronto vamos saber quem estava no terreno, o que aconteceu e quem fez o quê", garantiu a ministra da Paz da Etiópia, Muferiat Kamil.
Uma equipa de reportagem da alemã ZDF conseguiu visitar algumas cidades do Tigré. Em Mekelle, ouviu relatos de atrocidades cometidas pelas milícias rebeldes do Tigré, mas também acusações contra soldados.
Na cidade de Aksum, sagrada para a igreja cristã ortodoxa etíope, recolheu relatos de execuções, saques e expulsões.
A Amnistia Internacional já havia denunciado um alegado massacre cometido em Aksum por soldados da Eritreia.
O conflito já terá deixado meio milhão de pessoas sem casa. Cerca de 60 mil pessoas terão fugido do Tigré para o Sudão, onde uma crise humanitária se agrava de dia para dia.
As informações credíveis oriundas do terreno são escassas. Diferentes fontes de parte a parte do conflito falam em diferentes balanços de mortos que vão dos 582, estimados pelas Forças de defesa da Eritreia, até aos pouco credíveis 100 mil soldados abatidos, de acordo com a Frente de Libertação do Povo do Tigré.