A fome no Tigray "é usada como uma arma de guerra"

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De  Teresa Bizarro  com agências
Guerrilheiro da Frente de Libertação Popular do Tigray (ARQUIVO)
Guerrilheiro da Frente de Libertação Popular do Tigray (ARQUIVO)   -  Direitos de autor  Ben Curtis/AP

Estados Unidos e União Europeia pedem a abertura de um corredor humanitário que permita aceder ao norte da Etiópia. Os dois blocos querem também um cessar-fogo efetivo na região do Tigray.

Bruxelas diz que as tréguas anunciadas no início da semana pelo governo não passam de mais uma manobra da guerra que dura há 8 meses.

O Comissário Europeu para a Gestão de Crises, Janez Lenarcic, afirma hoje que o governo etíope está a utilizar a  fome e o cessar-fogo que declarou unilateralmente na semana passada na região norte do Tigray como "uma arma de guerra".

 "Há um embargo aos voos para Tigray. A Internet e as telecomunicações foram cortadas. Foram confiscados postos de telecomunicações que eram essenciais para os operadores humanitários. Os trabalhadores humanitários são impedidos de entrar em Tigray e de prestar a tão necessária assistência. Milhões de vozes estão a ser silenciadas. Não se trata de um cessar-fogo. É um cerco. E a fome é usada como uma arma de guerra," disse Lenarcic durante um debate no Parlamento Europeu sobre a guerra na região, quando o governo federal etíope lançou uma ofensiva contra a Frente de Libertação do Povo Tigray.

O Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken também esta terça-feira ao primeiro-ministro etíope para que se comprometa com um "cessar-fogo imediato e indefinido" na região norte de Tigray, bem como com a abertura de um corredor humanitário "seguro".

O governo etíope declarou um "cessar-fogo humanitário unilateral" e a retirada do exército de Mekele, a capital regional. No entanto, as forças aliadas da região vizinha de Amhara, mantêm ocupadas várias zonas do oeste do Tigray.

Desde que a guerra começou, em novembro, milhares de pessoas foram mortas e há cerca de dois milhões de deslocados. De acordo com as Nações Unidas, 400 mil pessoas estão em risco de fome extrema.