Governo húngaro faz consulta pública a questões polémicas

Na Hungria está a realizar-se uma consulta pública sobre questões várias, algumas delas polémicas. Entre as matérias em debate está uma lei homofóbica, aprovada pelo parlamento húngaro e que a Comissão Europeia considera discriminar as pessoas pela sua orientação sexual, mas também a crise migratória e a pandemia de Covid-19 que leva às contendas com Bruxelas e George Soros.
O responsável pelo centro de sondagens Medián, Endre Hann, explicava que o instrumento mais comum destas consultas é iniciar as perguntas com uma declaração que quem responde tem de aceitar como facto, refletir sobre o assunto e definir a sua própria opinião.
Esta consulta nacional, promovida pelo governo, divide, fortemente, a opinião pública. Uma jovem húngara, entrevistada em Budapeste pela euronews, afirmava que não vai responder ao questionário, que considera de propaganda governamental, porque não quer apoiar o governo respondendo.
Um húngaro tinha opinião contrária e dizia que se alguém, especialmente o governo, lhe coloca questões no contexto de uma consulta, dará a sua opinião, que é inteiramente positiva. Outro dizia que as perguntas colocadas são demasiado óbvias que é como se lhe perguntassem se quer que lhe deem 100 mil florins húngaros, claro que quer.
Um analista político diz que à medida que a epidemia se atenua o Fidesz - União Cívica Húngara, o partido do primeiro-ministro Viktor Orbán, está a tentar recuperar a iniciativa e a levar o discurso público para as questões que lhes interessam. Um aquecimento para a campanha eleitoral. Róbert László, explicava que "é claro que a maioria dos eleitores da oposição vai rasgar esta consulta nacional e deitá-la fora assim que a virem, mas é uma forma de tornar mais forte o empenho dos seus próprios eleitores".
Os húngaros têm até 25 de agosto para refletir e enviar, por correio, a resposta, se assim o desejarem.