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Ofensiva dos talibãs preocupa Rússia e Irão

Milícias afegãs em Mazar-e-Sharif, a norte de Cabul
Milícias afegãs em Mazar-e-Sharif, a norte de Cabul Direitos de autor  AP Photo/Rahmat Gul
Direitos de autor AP Photo/Rahmat Gul
De Francisco Marques com AP, AFP
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Moscovo e Teerão recebem delegações do grupo fundamentalista islâmico e do governo do Afeganistão para acautelarem os respetivos interesses na região

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A rápida retirada das forças da NATO está a abrir no Afeganistão espaço para o ressurgimento em força dos talibãs.

Perante a preocupação dos países vizinhos e da Rússia, o grupo fundamentalista islâmico anunciou esta sexta-feira ter já o controlo de mais de 85% do Afeganistão. Um avanço não confirmado de forma independente nem reconhecido ainda pelo governo afegão.

Ambos os lados em atrito no país, talibãs e governo de Cabul, enviaram esta semana delegações a Moscovo e a Teerão para esclarecer os recentes desenvolvimentos após o início da retirada das forças da NATO, nomeadamente as norte-americanas, que estavam no território desde 2001.

Os talibãs garantiram em Moscovo que estas recentes conquistas junto à fronteira norte do Afeganistão não representam ameaças para o vizinho Irão, a ocidente, nem para as antigas repúblicas soviéticas aliadas da Rússia e dizem que apenas pretendem fazer parte do futuro governo afegão.

"É claro para todos, neste momento, que o Emirado Islâmico (n.: forma como o grupo se auto intitula) tem o controlo de 85% do território afegão", afirmou, em Moscovo, Shahabuddin Delawar, porta-voz talibã, garantindo que o grupo não está "a tentar tomar o poder".

"O que queremos é que todos os afegãos tenham um papel connosco no governo, de acordo com o podem e sabem fazer", garantiu Shahabuddin Delawar, apesar das notícias recorrentes do avanço pelas armas do grupo insurgente.

A declaração deste porta-voz dos talibãs foi proferida em Moscovo, onde foram entretanto assumidas preocupações de que o conflito em curso transponha fronteiras e ameace os interesses russos na região, nomeadamente nos territórios dos aliados Tajiquistão, Usbequistão e Turquemenistão.

Para já, no entanto, a Rússia não tem previstas quaisquer medidas.

"Enquanto as ofensivas armadas se cingirem ao território afegão, a Rússia não vai tomar quaisquer medidas para além dos repetidos apelos ao processo político, o qual todos os afegãos dizem apoiar para que aconteça o mais rápido possível", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, citado pela agência TASS, sem no entanto descartar uma intervenção russa se o conflito saltar fronteiras.

Tudo o que está a acontecer no Afeganistão preocupa-nos, claro, mas apenas se transpuser as fronteiras para os territórios dos nossos aliados.
Sergey Lavrov
Ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia

Ao mesmo tempo que a Rússia tomava posição sobre a situação no Afeganistão também o Irão sentia o pulso ao conflito no país vizinho.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da República Islâmica, Javad Zarif, encontrou-se também na quarta e quinta-feiras com representantes de ambos os lados em conflito no Afeganistão.

De acordo com a agência de notícias IRNA, os talibãs garantiram ao chefe da diplomacia iraniana não atacar alvos civis, religiosos, escolas ou hospitais, enquanto a delegação do governo afegão insistiu na diplomacia, mas o Irão teme uma nova vaga de refugiados devido aos conflitos armados no país vizinho.

Uma situação periclitante que também preocupa, a leste, o Paquistão. O porta-voz do ministro dos Negócios Estrangeiros do governo de Islamabade vê na interferência persa para tentar amenizar o conflito afegão mais um sinal da alegada derrota americana no Afeganistão.

Citado pela IRNA, Zahid Hafeez Chaudri disse que "o Paquistão vê com agrado a aproximação do Irão às fações afegãs para tentar um acordo político" e garante o governo paquistanês espera que ambos os lados "aproveitem a oportunidade e cheguem a um acordo político inclusivo e abrangente".

No Afeganistão, por fim, o conflito parece agravar-se. Na província de Herat, perto da fronteira com o Irão e com o Turquemenistão, um dos líderes políticos locais, Mohammad Ismail Khan, um antigo "mujahidin" (combatente pela "jihad"), garantiu a mobilização de centenas de fiéis para defender a região da ofensiva dos talibãs.

"Vamos reorganizar as frentes de guerra e salvar Herat daqueles que têm ordens para assaltar a cidade. Não lhes vamos permitir o concretizar do sonho de saquearem Herat. Não lhes vamos permitir que nos venham deitar um mau olhado à honra e dignidade do nosso povo", afirmou Ismail Khan, citado pela agência afegã "TOLONews".

Outras fontes • Tass, IRNA, TOLONews

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