Uzbequistão quer preservar património histórico espalhado pelo mundo

Uzbequistão quer preservar património histórico espalhado pelo mundo
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Outrora no centro da Rota da Seda, o Uzbequistão possui uma importante herança cultural. Recentemente, a iniciativa intitulada Legado Cultural do Uzbequistão nas Coleções Mundiais reuniu cerca de 350 investigadores do mundo inteiro.

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O Uzbequistão quer identificar, catalogar e mostrar os objetos de arte que refletem a herança cultural do país e que se encontram espalhados pelo mundo.

Outrora no centro da Rota da Seda, o Uzbequistão possui uma importante herança cultural. Recentemente, a iniciativa intitulada Legado Cultural do Uzbequistão nas Coleções Mundiais reuniu cerca de 350 investigadores do mundo inteiro, no âmbito da Semana do Património Cultural do Uzbequistão.

Durante o evento, foi possível ver a primeira cópia Fac-símile do manuscrito das Imagens das Estrelas Fixas. Trata-se de uma obra realizada por um dos mais famosos astrónomos muçulmanos de todos os tempos, Abd al-Rahman al-Sufi, encomendada por Mirzo Ulugbek, mais conhecido como Ulugh Beg, sultão de uma dinastia timúrida (muçulmanos sunitas). Ulugh Beg era igualmente um astrónomo e matemático respeitado.

O manuscrito agora transformado em livro, é importante, do ponto de vista histórico, por vários motivos: é a prova viva do fascínio secular pelo firmamento, da idade de ouro da ciência islâmica e da antiguidade da tradição árabe em astronomia.

Arte e ciência de mãos dadas

O livro é visto como uma obra-prima da arte da Ásia Central: contém 74 miniaturas de constelações executadas com uma técnica sofisticada. As ilustrações em miniatura representam o sultão sob a forma da constelação de Cefeu.

Além do valor artístico, o livro possui uma enorme importância científica. Contém 48 constelações conhecidas como Estrelas Fixas que se baseiam no conhecimento das estrelas transmitido pelos gregos, mas inclui, pela primeira vez, os princípios da astronomia árabe antiga.

Antes de Abd al-Rahman al-Sufi, as primeiras tentativas conhecidas para descrever o céu e as estrelas foram feitas pelos gregos, nomeadamente, por Ptolomeu (100-160), um antigo filósofo, matemático e astrónomo de Alexandria. Os seus escritos eram vistos como uma referência até o início da era moderna. O seu trabalho mais importante foi "Almagesto", um guia de astronomia matemática, a principal referência durante séculos até aos trabalhos de Abd al-Rahman al-Sufi.

A contribuição de Abd al-Rahman al-Sufi para a astronomia

O trabalho de Al-Sufi sobre as estrelas fixas baseou-se no Almagesto de Ptolomeu, mas corrige vários pontos e complementa os dados com novas conclusões empíricas. Abd al-Rahman al-Sufi pegou em todos os nomes de estrelas mencionados no catálogo de estrelas de Ptolomeu e fundiu-os com os nomes mencionados na literatura árabe.

No seutrabalho, Al-Sufi integrou as primeiras descrições e ilustrações conhecidas da Galáxia de Andrómeda e a primeira menção da Grande Nuvem de Magalhães, as primeiras galáxias além da Via Láctea observadas a partir da Terra.

No livro do astrónomo, todas as figuras mitológicas que representam as constelações são representadas a partir do céu, mas também a partir do espaço. Por isso, a obra serviu durante muitos séculos como o guia de estrelas mais importante do mundo islâmico e do mundo cristão.

A astronomia no património cultural do Uzbequistão

O manuscrito original do livro das Imagens das Estrelas Fixas não sobreviveu ao tempo. Mas graças à tradição do manuscrito islâmico, o trabalho de Al-Sufi sobreviveu por meio de cópias feitas mais tarde.

Uzbequistão aposta nas tecnologias para preservar documentos históricos

O Uzbequistão aposta nas tecnologias para preservar documentos históricos. A versão fac-símile contemporânea apresentada durante o Legado Cultural do Uzbequistão nas Coleções Mundiais foi realizada com a ajuda de várias técnicas avançadas.

Dezenas de outros livros dedicados a obras uzbeques já foram publicados no âmbito da iniciativa. E está em curso a digitalização e publicação de cópias fac-símile de vários obras preservadas em bibliotecas de vários países.

Representantes da UNESCO elogiaram a iniciativa do Uzbequistão que visa preservar o património histórico e cultural do país. Renato Ramírez, subdiretor-Geral da Cultura da UNESCO, afirmou que o Uzbequistão é, nesta área, “um exemplo para muitos países. A investigação é uma forma de transmitir não apenas o conhecimento académico, mas também o conhecimento em geral, aos nossos filhos e às novas gerações. ”

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