Bruxelas dividida entre responder à ameaça à fronteira externa e atender à crise humanitária
A porta da Europa está fechada para os migrantes que tentam entrar através da fronteira com a Bielorrússia, condenados a aguardar ao relento, com temperaturas negativas e escassez de comida. A situação no terreno é preocupante mas no conforto dos corredores diplomáticos, ambas as partes limitam-se a trocar acusações.
Bruxelas acusa Minsk de patrocinar tráfico de humanos, Minsk nega e argumenta que estas pessoas apenas querem chegar à União Europeia. Atenta ao braço-de-ferro está a Rússia, que a Polónia até acusa de ter orquestrado a situação para alargar a esfera de influência, mas que pode ter a chave do problema.
É pelo menos essa a esperança de Angela Merkel, que admitiu ter pedido a Vladimir Putin para interceder junto de Lukashenko, uma vez que estas pessoas eram vítimas de uma política hostil e estavam a ser usadas.
Um apelo aparentemente inconsequente. A Rússia tinha acabado de enviar dois aviões para ajudar as forças bielorrussas e a posição do Kremlin sobre a situação é conhecida, culpando a União Europeia de provocar a crise ao reforçar a segurança na fronteira.
Bruxelas vacila entre responder à ameaça às fronteiras externas e atender à crescente crise humanitária. Para Ursula von der Leyen, o próximo passo é "averiguar a possibilidade de sancionar as companhias aéreas que facilitam o tráfico de humanos através de Minsk rumo à fronteira com a União Europeia", apelando ainda ao acesso aos migrantes no terreno por parte das agências humanitárias de ONU.
O acampamento improvisado tem vindo a crescer e só esta semana chegou cerca de um milhar de pessoas proveniente do Curdistão iraquiano.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas irá discutir a situação esta quinta-feira numa reunião de emergência.