Foram muitas as famílias afetadas pela guerra entre separatistas apoiados pela Rússia e o exército ucraniano
A Euronews esteve nos arredores da cidade de Avdiivka e a menos de 1km de uma das múltiplas linhas de frente naquele que é agora um conflito de 8 anos entre o exército ucraniano e os separatistas que controlam um território chamado de República Popular de Donetsk. Em praticamente todos os lugares ao redor desta área, podem ver-se os danos que o conflito já provocou. Vêem-se alguns restos da guerra, como um veículo queimado e também outras peças de equipamento militar.
Esta é uma área muito diferente da capital Kiev. Aqui podemos ter uma noção do quão tensa a situação é e tem sido durante quase uma década. As pessoas nesta região dizem que estão a acompanhar muito de perto os últimos desenvolvimentos, os líderes europeus, o que o presidente dos EUA tem dito e, claro, o que o presidente russo diz. Eles sabem, por exemplo, que a ministro dos Negócios Estrangeiros da Alemanha virá aqui a esta área para ver por si mesma como é a situação.
Mas há a sensação no ar de que o mundo inteiro está a perder um ponto que eles obviamente temem em relação à possibilidade de a Rússia invadir a Ucrânia: Que a guerra já começou e está a acontecer há quase 10 anos.
"Vivo em sofrimento"
Para Galina Dzjucik, o conflito entre separatistas apoiados pela Rússia e o exército ucraniano foi pessoalmente devastador.
O filho, Viktor Dzjucik, de 34 anos, foi visto pela última vez num posto de controlo em território rebelde em 2017. Galina descobriu mais tarde que tinha sido detido, acusado de espionagem e terrorismo e condenado a 16 anos de prisão. Ainda hoje, diz que nada sabe dele.
A existência de prisões secretas na área é um dos aspetos menos conhecidos do conflito, mas as autoridades incluíram a troca de detidos num conjunto de acordos destinados a acabar com a guerra.
Galina Dzjucik conta que houve três trocas desde 2017, mas que o filho não foi confirmado nas listas.
Esta mãe ucraniana sabe que o filho está preso mas não sabe onde. Diz ter questionado todas as organizações na Ucrânia incluindo o presidente e os serviços secretos. Recebeu respostas mas nenhuma dizia como e onde estava o filho.
Galina diz que o atual aumento das tensões entre a Rússia e a Ucrânia é obviamente "uma má notícia para todos". Mas é "particularmente doloroso para algumas famílias", como a dela, que temem que o aspecto militar da crise ofusque sua situação.
Para Galina, "a guerra não é necessária". Diz viver "com sofrimento" e acredita que ninguém queira que a agressão militar continue.
Perguntada se acha que este novo capítulo no conflito pode influenciar o caso do filho, Galina diz que sim, que vai "atrasar a situação" dele.