Povos contestam há uma semana, em Brasília, a exploração mineira em territórios indígenas e a retirada de terras a comunidades.
Acampados em Brasília há uma semana, milhares de indígenas brasileiros prometem não calar os protestos contra a exploração mineira dos territórios e a demarcação das terras. Os dois temas, que estão a ser revistos pelos poderes político e jurídico, na capital, podem vir a revolucionar a vida do Brasil profundo.
As terras indígenas, ricas em minérios, são uma área muito cobiçada pelo governo de Jair Bolsonaro, que vê nesses recursos uma oportunidade para fazer face à dependência externa, tendo em conta que as recentes sanções à Rússia - já contestadas, nas Nações Unidas, pelo embaixador brasileiro - estão a afetar as importações de fertilizantes.
Para o ministro da Agricultura do Brasil, Marcos Montes, o projeto de lei é uma questão de segurança alimentar. Mas os indígenas, como Katiry Pataxó, discordam.
"Porque a mineração, se entrar nos territórios indígenas, vai acabar coms os rios, vai acabar com as matas, vai acabar com esse ar fresco que a gente respira. E se a gente não lutar contra essa mineração dos territórios indígenas, vai acabar com todo o Brasil", afirma.
Outro projeto de lei em cima da mesa é o chamado "marco temporal", uma ação a ser revista no Supremo Tribunal Federal brasileiro (STF), que pode vir a ser votada em junho e defende que os povos indígenas só podem reivindicar terras que ocupavam a 05 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição.
A medida, alegam os indígenas, constitui uma violação ao direito constitucional de origem a terras ancestrais, isto é a território já ocupado pelos povos antes da chegada dos colonizadores.