Guerra e desastres naturais decorrentes de alterações climáticas são as principais causas para a insegurança alimentar no mundo
Cerca de 193 milhões de pessoas por todo o mundo enfrentam insegurança alimentar.
Segundo o mais recente relatório da Organização para a Alimentação e Agricultura, FAO, os números sofreram um acréscimo de 40 milhões no espaço de um ano.
Os especialistas falam em tendências de longo prazo.
“Este é um número recorde, é um aumento de 40 milhões de pessoas em relação ao ano passado.
Se olharmos para isto na tendência a longo prazo, é o dobro do número que tínhamos há seis anos.
O que é realmente preocupante são as tendências que estamos a enfrentar em termos de insegurança alimentar aguda", reitera Luca Russo, Analista Sénior da FAO para Crises Alimentares.
A guerra permanece a principal fonte de insegurança alimentar no mundo. Afeganistão, República Democrática do Congo e Etiópia são apenas três exemplos.
As mudanças climáticas têm igualmente vindo a ganhar uma importância crescente.
Em 2021, desastres naturais levaram a fome a 23,5 milhões de pessoas em oito países africanos.
"Não houve agricultura devido à seca que devastou o nosso gado, incluindo caprinos, camelos, vacas e pessoas que enfrentam a pior crise humanitária. Não há fluxo de água no rio e as pessoas enfrentam uma grave escassez de água", diz Abdi Weyrah Muhumad, um agricultor na região de Guricade na Somália.
As previsões para 2022 permanecem pessimistas. A guerra vai continuar a ser a principal fonte de insegurança alimentar juntamente com as alterações climáticas.
A situação é agravada pois para muitos países, o investimento em agricultura há muito que não é prioridade.
"O sector agrícola é um sector que tem sido minado em termos de investimento no passado. Apenas 8% da ajuda humanitária vai para o sector agrícola. E é evidente que aí se tem de mudar realmente esta tendência", aconselha Luca Rossi, especialista da FAO.
O atual conflito na Ucrânia veio agravar a situação. Muitos países dependem da Ucrânia para o abastecimento de trigo e fertilizantes, ambos elementos essenciais para as necessidades alimentares.