Cafezais moçambicanos coabitam com a floresta tropical

Plantação de café na Gorongosa, Moçambique
Plantação de café na Gorongosa, Moçambique Direitos de autor ALFREDO ZUNIGA/AFP or licensors
Direitos de autor ALFREDO ZUNIGA/AFP or licensors
De  Nara Madeira com AFP
Partilhe esta notíciaComentários
Partilhe esta notíciaClose Button
Copiar/colar o link embed do vídeo:Copy to clipboardCopied

A paisagem da serra da Gorongosa, em Moçambique está em profunda transformação. Hoje ela renasce graças às plantações de café.

PUBLICIDADE

A paisagem da serra da Gorongosa, em Moçambique, o lugar que ficará marcado na história como palco da assinatura do acordo de paz entre governo e Renamo, em 2019, está em profunda transformação. Durante décadas cortou-se a floresta sem pensar nas consequências a seca, hoje ela renasce graças, estranhamente, ao café. Um processo que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos anos mas cujos resultados se veem, cada vez mais.

Uma cultura, a do café, que Juliasse Samuel Sabao - que trabalha para o Parque da Nacional da Gorongosa mas que durante anos da longa guerra civil se refugiou no Zimbabué - ajudou a desenvolver. No país vizinho aprendeu as especificidades desta cultura. O café precisa, sobretudo, de sombra para crescer. De regresso ao seu país quis aplicar esse conhecimento para fazer reviver a floresta tropical, a única do país.

"(...) A comunidade destruiu a Serra da Gorongosa, (...) toda esta área estava morta: não havia árvores, não havia nada aqui. Mas agora, se olharmos, vemos árvores grandes a regressar, por isso há uma diferença muito importante, o que significa que estamos a ter sucesso no nosso projecto de reflorestação".
Juliasse Sabao
Supervisor de projeto

A Gorongosa foi reduto da Resistência Nacional Moçambicana e a guerra, que durou quase 20 anos, deixou feridas difíceis de sarar, a todos os níveis. Foi um perído de agricultura intensiva, de abate de árvores desenfreado para permitir a sobsistência de guerrilheiros e famílias. Os recursos naturais do parque foram explorados, quase, até à "exaustão". 

Partes desta comunidade ainda vive nas montanhas mas, hoje, a realidade é outra. Hoje, por cada planta de café semeada, nasce uma árvore e ensina-se às populações novas formas de agricultura, porque ela é necessária mas não de forma intensiva.

As plantas de café levam anos a tornar-se produtivas, pelo que é preciso encontrar outras formas de sustento, diversificar a oferta. Aqui planta-se também, por exemplo, banana e feijão. 

O renascimento da floresta traduz-se no reavivar da Gorongosa. Em 2008 foi criada uma parceria, de 20 anos, entre Moçambique e a fundação do filantropo americano Greg Carr, que beneficiou cerca de 200.000 pessoas.

O café da Gorongosa é exportado para todo o mundo, com os lucros a serem reinvestidos na plantação. 

De acordo com o Banco Mundial a região tem cerca de 300.000 plantas de café, 400.000 cajueiros, 400 colmeias e 300 novos postos de trabalho.

Editor de vídeo • Nara Madeira

Partilhe esta notíciaComentários

Notícias relacionadas

Café, o "ouro negro" que Angola quer exportar

Café de Cabo Verde em risco por causa da seca

O café para a reflorestação no Monte Gorongosa