Kinshasa e Kigali travam-se de razões há várias décadas. Região da RDC fronteiriça ao Ruanda e ao Uganda é rica em minérios cobiçados pelas indústrias tecnológicas
O conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e os vizinhos do Ruanda e do Uganda é antigo.
Na região dos Grandes Lagos as tensões raciais e as riquezas minerais resultaram na criação de várias milícias.
O chamado Movimento 23 de Março (M23) surgiu em 2012 e ocupou a principal cidade da província do Kivu Norte, Goma.A pressão internacional sobre o Ruanda, que deixou de financiar o grupo rebelde, e a vitória militar dos congoleses, apoiados por forças da ONU, levaram o M23 a assinar uma trégua no ano seguinte.
Mas algo falhou.
"em 2021, o movimento ressurgiu e ressurgiu com muita força. Entretanto, as forças internacionais e o próprio governo congolês dizem que o Uganda e também a república do Ruanda, através do presidente Paul Kagame, estão a apoiar este movimento rebelde com armas e munições para a instabilidade do Leste" - acrescenta Albino Pakisi.
Angola preside à Conferência Internacional da Região dos Grandes Lagos e tem multiplicado as iniciativas para pacificar a região.
Depois de receber de urgência o homólogo da República Democrática do Congo, Félix Tshisikedi, no início de junho, o presidente João Lourenço tenta sentar os vizinhos desavindos à mesma mesa.
Uma tarefa dificultada pelos interesses económicos em jogo, como explica o empresário da RDC, Jeremy Salvador Salabiaku.
"O Congo neste momento tem muitos movimentos que estão sempre fazendo guerra no nosso país. Exatamente na parte Leste do país porque essa parte tem muitos minerais importantes."
As mudanças tecnológicas aceleraram a procura de coltan, minério essencial à fabricação de smartphones e computadores. O Kivu Norte, região congolesa que faz fronteira com o Ruanda e o Uganda, possui mais de 60 por cento das reservas mundiais.