De visita a Luanda para a investidura do homólogo angolano, o chefe de Estado da Namíbia, Hage Geingob, afirmou, num exclusivo à Euronews, ser um defensor da limitação de mandatos e da eleição direta do presidente. Recordou também José Eduardo dos Santos, apoiante da independência do seu país.
Representante da última vaga de dirigentes africanos, o presidente da Namíbia, Hage Geingob, esteve em Luanda para a tomada de posse de João Lourenço e partilhou com a Euronews a sua visão da política africana atual:
"Temos três vagas de líderes africanos.
A primeira vaga foi a dessas personalidades extraordinárias que nos disse para pegarmos nas armas e lutar, como o Sékou Touré, o Agostinho Neto e outros.
A segunda vaga foi apanhada na... digamos, confusão da Guerra Fria.
Agora, como digo, a terceira vaga de dirigentes africanos está a afirmar a via constitucional.
Claro que há quem faça marcha-atrás, que há quem queira mudar a constituição para permanecer no poder.
Mas, geralmente, o povo quer eleições, eleições democráticas. Em todo o lado. Mas ninguém é perfeito, basta olhar para a América.
Eu acredito fortemente na limitação dos mandatos presidenciais, porque se for eleito diretamente pelo povo, não tem verdadeiramente a quem prestar contas mas se for eleito pelo parlamento... bem, não é o que defendo mas é o que muitos estão a fazer."
Durante a estada no país vizinho, Hage Geingob não esqueceu quem apoiou a Namíbia durante a luta pela independência.
"Quando o presidente Neto morreu, José Eduardo dos Santos assumiu o poder. A nossa luta armada foi possível porque tínhamos a nossa base de retaguarda aqui em Angola.
Éramos mesmo bons camaradas. Eu conhecia-o pessoalmente. Ele não costumava viajar mas foi à Namíbia para a minha tomada de posse. Éramos muito próximos. Agora, quando foi o funeral, não pude viajar e pensei: tenho de ir e prestar-lhe uma última homenagem."