Seis semanas depois de ter deixado o governo, o ex-primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está na corrida à sucessão da sua sucessora, Liz Truss
O provérbio português "Atrás de mim virá, quem de mim bom fará" assenta que nem uma luva a Boris Johnson que, apenas seis semanas depois de ter sido obrigado a demitir-se, volta a ser uma hipótese a considerar pelos tories na chefia do governo.
Liz Truss fez uma passagem relâmpago desastrosa por Downig Street, criando em alguns setores do partido saudades do ex-primeiro-ministro.
A corrida está de novo aberta e Boris Johnson, que estava de férias nas Caraíbas, está de regresso a Londres para uma fim de semana que se prevê bastante movimentado na busca de apoios.
Rishi Sunak, que tinha sido derrotado por Truss e Penny Mordaunt, líder da câmara dos comuns também aspiram à chefia do partido e do governo. Todos eles terão de assegurar até à próxima segunda-feira o apoio de pelo menos 100 deputados conservadores.
Se só um conseguir será automaticamente nomeado primeiro-ministro. Se não, o voto online é lançado na sexta-feira, 28 de outubro, para que os tories escolham.
Há quem dentro do partido considere que será "Boris ou a falência" e há quem não esqueça os escândalos das festas durante o confinamento, as mentiras e os inquéritos da comissão parlamentar ainda em curso.
Uma coisa é certa, Boris Johnson não desiste e a intenção de regressar ficou expressa na despedida, no último discurso no parlamento há um mês e meio com esta frase: "Hasta la Vista, baby".
E até pode ser mais rápido do que se pensava no Reino Unido. Em Westminster especula-se que voltará.
A base do partido tem permanecido largamente leal a Boris Johnson. De acordo com uma sondagem do YouGov, 42% dos membros do partido pensam que ele pode ser um substituto "muito bom" para Liz Truss, e 21% um substituto "bastante bom". Rishi Sunak, que perdeu para Liz Truss no verão e é por vezes visto como o traidor que levou à partida de Boris Johnson, está em 29% e 31%, enquanto Penny Mordaunt está em 20% e 34%.
No contexto da crise económica e social, a oposição trabalhista, amplamente à frente nas sondagens, apela a uma eleição geral antecipada. Os democratas liberais centristas ("lib-dems") querem bloquear a candidatura de Boris Johnson, salientando que ele tinha sido considerado culpado de infringir a lei durante o chamado "partygate".