Há seis semanas que há protestos violentos contra o governo nas ruas das cidades iranianas. Teerão reprime e diz que "estão a chegar ao fim"
Os protestos no Irão entraram na sexta semana este domingo.
Há um mês e meio que, por todo o país, milhares de iranianos liderados por mulheres saem às ruas. Este fim de semana estiveram convocadas diversas greves, enquanto estudantes universitários enfrentaram uma repressão militar.
Houve confrontos numa universidade onde rapazes e raparigas se sentaram lado a lado na cantina, desafiando as regras de segregação de género da República Islâmica.
O canal de comunicação social 1500tasvir disse à AFP que houve "greves em algumas cidades, incluindo Sanandaj, Bukan e Saqez", ao mesmo tempo que acrescentou que era difícil ver provas delas online, pois "a ligação à Internet é demasiado lenta".
Saqez, na província ocidental do Curdistão, é a cidade natal de Amini, onde a raiva se inflamou com o seu funeral no mês passado, ajudando a desencadear o movimento de protesto.
Filmagens verificadas difundidas pelos meios de comunicação social mostraram dezenas de estudantes segurando bandeiras iranianas e cantando fora de um dos maiores campi universitários do Irão, a Universidade Shahid Beheshti, em Teerão.
Algumas estudantes femininas não usavam o hijab, o lenço de cabeça obrigatório.
No noroeste do Irão, dezenas de estudantes aplaudiram e entoaram slogans durante um protesto na Universidade de Ciências Médicas de Tabriz.
Entretanto, continua a haver manifestações de apoio em diversas capitais do mundo como em Washington DC, onde milhares de pessoas, muitas iranianas, desfilaram pedindo justiça para o Irão, empunhando bandeiras onde se lia: "Mulheres, vida e liberdade"
Um iraniano residente nos Estados Unidos afirma: "Os meus irmãos e irmã voltaram ao Irão: estão nas ruas; estão a lutar pela vida deles. Eu estou num país livre e é minha obrigação falar".
Com milhares de pessoas nas ruas em cidades de todo o país, o governo, que continua a reprimir pela força os protestos, diz que o movimento está a chegar ao fim.
O vice-ministro do Interior diz que os protestos "estão nos últimos dias" e Teerão acusa os Estados Unidos de os utilizarem para obterem concessões no acordo sobre o nuclear.