Testemunhos aguardados com ansiedade no julgamento dos atentados de Bruxelas

Membros das equipas jurídicas na sessão do tribunal que decorre num edifício perto da sede da NATO
Membros das equipas jurídicas na sessão do tribunal que decorre num edifício perto da sede da NATO Direitos de autor Olivier Matthys/Copyright 2022 The AP. All rights reserved
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De  Gregoire LoryIsabel Marques da Silva
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Dos 10 arguidos, nove estão presentes na sala do tribunal, mas não se sabe quantos vão querer falar durante a audiência. Para os advogados, é necessário que os debates possam ter lugar e que todos se possam exprimir.

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O julgamento dos atentados terroristas de Bruxelas começou, segunda-feira, na capital belga, com dez arguidos.

Em causa estão os suicídios-bombistas a 22 de março de 2016, no aeroporto de Bruxelas e na estação de metro de Malbeek (no bairro onde ficam as instituições da União Europeia), que resultaram na morte de 32 pessoas.

Cerca de mil pessoas pediram para acompanhar o processo, entre sobreviventes e familiares, com parte deles a prestarem testemunho.

"Estou muito stressada, também muito ansiosa sobre o que vai acontecer. É o primeiro dia, por isso é obviamente muito difícil. Hesitei até ao último momento e disse a mim própria que teríamos de estar presentes em algum momento, uma vez que também há testemunhos planeados. Assim, pouco a pouco, veremos como correm as coisas. E quando se está acompanhada, é sempre mais fácil", disse a sobrevivente Loubna Selassi, à euronews.

Para outras pessoas que se constituíram assistentes no processo, o julgamento também pode ajudar na pacificação interior e no luto.

"Eu não sinto ódio. Nunca conheci nenhum deles. Poder vê-los não me faz nada. Estou em paz comigo mesmo e, como disse anteriormente, não odeio os acusados", afirmou Mas Esmael Fazal Sarah, que perdeu a irmã no metro.

Testemunhos dos acusados são incógnita

Dos 10 arguidos, nove estão presentes na sala do tribunal, mas não se sabe quantos vão querer falar durante a audiência. Para os advogados, é necessário que os debates possam ter lugar e que todos se possam exprimir.

"Acredito realmente que o mais importante é ouvir as partes civis. É uma questão de dignidade ouvir o seu sofrimento. Como consequência podemos dizer que não nos estamos a esconder atrás do direito a ficar em silêncio", disse Vincent Lurquin, advogado do acusado Hervé Bayingana Muhirwa.

"Mas estamos convencidos de que devemos ter um debate judicial e de que devemos falar, devemos explicar-nos, devemos responder às questões dos assistentes civis. Devemos também assumir as responsabilidades. Não são apenas as nove pessoas na sala que são responsáveis pelo que aconteceu", acrescentou.

De acordo com o calendário do processo, espera-se que as sessões decorram nos próximos 6 a 8 meses. Quase todos os arguidos enfrentam possíveis penas de prisão perpétua.

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