No fogo cruzado do Kremlin: A Moldávia luta contra o "inverno russo"

A Moldávia está a enfrentar uma grande crise energética. O fornecimento de eletricidade da Ucrânia tem sido interrompido desde que as centrais elétricas, daquele país, foram bombardeadas pela Rússia. A empresa russa Gazprom reduziu os fornecimentos de gás à região separatista da Transnístria, que produzia a maior parte da eletricidade moldava. Os apagões são cada vez mais frequentes. Moscovo está a utilizar a energia como uma arma para desestabilizar o Governo pró-europeu. Os residentes tomaram as ruas da capital Chisinau, apelando à demissão do Executivo.
O partido influenciado por Moscovo Șor por detrás dos protestos
Veronica Dragalin, procuradora-chefe anticorrupção, afirma que "certos partidos políticos na Moldávia foram financiados através dos serviços secretos russos". Dragalin disse-nos que os investigadores encontraram vinte sacos negros com o equivalente a cerca de 200.000 euros em dinheiro.
Isto prova, segundo ela, que as manifestações são financiadas pelo partido influenciado por Moscovo, o Șor. O seu líder, o oligarca populista Ilan Șor, está a monte. Ele é acusado de fazer parte de uma fraude bancária de mil milhões de dólares.
O presidente do distrito de Orhei, Dinu Turcanu, e membro do partido Șor, é o alegado organizador dos protestos. "Ilan Șor disse publicamente, que este dinheiro deveria ter sido utilizado para cobrir certas despesas do partido e das pessoas que se manifestaram. Não há nada de ilegal nisso", diz Dinu Țurcanu.
A Moldávia volta-se para a Europa para diversificar o seu fornecimento de eletricidade e gás...
A dependência energética da Moldávia em relação à Rússia remonta à era soviética. No entanto, os governos têm tentado ao longo dos anos diversificar o abastecimento energético do país. Um novo gasoduto proveniente da Roménia torna a Moldávia menos dependente. Existem também planos para a construção de várias linhas de alta tensão para a Europa Ocidental, mas a compra de eletricidade no caro mercado europeu à vista não é uma solução sustentável.
...e para procurar fundos
Andrei Spînu, vice-primeiro-ministro da Moldávia, responsabiliza a Gazprom pela crise energética. Ele está convencido de que o Fundo de Redução da Vulnerabilidade permitirá "às pessoas pagar o seu consumo de gás, eletricidade ou aquecimento". O Fundo de 250 milhões de euros é financiado pela União Europeia e dá prioridade às famílias vulneráveis.
É assim que a família Beschier, na aldeia de Todirești, recebeu três metros cúbicos de lenha por uma tarifa reduzida. Têm um aquecedor a gás novinho em folha, mas era demasiado caro ligá-lo. Agora temem que a lenha não dure durante o Inverno.
A família utiliza, também, gás subvencionado pela UE para cozinhar. Os Beschiers estão preocupados com as suas contas de eletricidade, que mais do que duplicaram desde março de 2022. A Moldávia tem a taxa de inflação mais elevada da Europa, situando-se atualmente nos 34%.