Eleitores da Chéquia votam esta sexta-feira e sábado para eleger novo presidente da República. Retórica anti-imigração pode prevalecer no escrutínio.
Na Chéquia, os eleitores são chamados às urnas, esta sexta-feira e sábado, para aquela que deverá ser a primeira de duas voltas das eleições presidenciais.
O próximo será o segundo presidente eleito por voto popular na Chéquia, depois de dois mandatos de Milos Zeman. Até 2013 o chefe de Estado era escolhido pelos legisladores.
São oito os candidatos nesta corrida eleitoral com o populista e eurocético Andrej Babiš, aliado político do atual presidente, a liderar as sondagens.
Sondagens dão Babiš como favorito
O multimilionário de 68 anos foi absolvido, recentemente, num julgamento por fraude ligada a fundos europeus, o que aumentou as suas possibilidades de vencer este primeiro turno. É conhecida a sua forte retórica anti-imigração, o que o aproxima do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban.
Durante a campanha para as eleições Babiš - que critica o plano da União Europeia para combater as alterações climáticas por considerar que prejudica a economia checa - procurou evitar o tema da guerra na Ucrânia, dizendo quer concentrar-se nas questões domésticas, incluindo a inflação, que está muito alta no país, e pela qual responsabiliza a atual coligação de cinco partidos que governa a Chéquia.
O seu movimento político, ANO (SIM), perdeu as eleições legislativas de outubro de 2021. Uma coligação acabou por conseguir formar um novo governo, e o ANO acabou na oposição, após um mandato turbulento e a reação, por vezes caótica, à pandemia de Covid-19.
Pavel e Nerudová entre os três primeiros
Os dois outros candidatos melhor posicionados para suceder a Milos Zeman são o general do Exército na reforma e que foi presidente do comité militar da NATO, Petr Pavel, e a economista e reitora de uma universidade até fevereiro de 2022, Danuše Nerudová. Ambos, recém-chegados à política, são a favor do apoio militar e humanitário do país à Ucrânia, na sua luta contra a Rússia, e veem a Chéquia, no futuro, a aderir à União Europeia e à NATO.
Pavel, de 61 anos, foi chefe do Estado-maior do exército antes de trabalhar para a Aliança Atlântica. Quando a Rússia anexou a Crimeia, em 2014, defendeu um maior investimento na Defesa, no seio da NATO.
As sondagens dão-no como potencial candidato à segunda volta das eleições, defrontando Babiš.
Danuše Nerudová, de 44 anos, é popular entre a população mais jovem. A sua campanha eleitoral perdeu algum vigor, dizem as sondagens, mas a sua candidatura poderá ter recuperado algum impulso depois de o líder sindical Josef Stredula ter desistido da corrida e pedido aos seus apoiantes que votem em Nerudová.
As sondagens indicam que nenhum dos restantes candidatos poderá chegar "ao pódio". Entre eles estão Pavel Fischer, ex-diplomata e conselheiro do antigo presidente Václav Havel, que terminou em terceiro nas anteriores eleições presidenciais, e Jaroslav Basta, que concorre como parte da maior força anti-imigração do país, o partido Liberdade e Democracia Direta.
O papel do presidente na governação checa
A Constituição checa dita que o chefe de Estado tenha o poder de escolher o primeiro-ministro, de nomear membros da direção do Banco Central e os juízes do Tribunal Constitucional com a aprovação da Câmara Alta do Parlamento.
Os seus poderes executivos são muito reduzidos. O país é dirigido pelo governo, escolhido e liderado pelo primeiro-ministro. Atualmente, é o conservador Petr Fiala que gere os destinos do país.