Um estudo da Agência dos Direitos Fundamentais da UE revela como vivem milhões de ucranianos refugiados nos dez principais países de acolhimento
No último ano, milhões de ucranianos atravessaram a fronteira para fugir à guerra. Nas contas da Organização Internacional das Migrações, o conflito fez mais de 13 milhões de deslocados. Cinco milhões e meio já terão voltado às localidades de origem, mas a maioria permanece no exterior.
A Agência dos Direitos Fundamentais (FRA) da União Europeia quis saber como vivem os ucranianos no exterior. Selecionou os dez países que à data do inquérito, no final do verão passado, eram mais relevantes.
São países que partilham uma fronteira terrestre com a Ucrânia, - Polónia Hungria, Roménia e Eslováquia - ou que receberam o maior número de pessoas deslocadas da Ucrânia - Bulgária, Chéquia, Alemanha, Itália e Espanha - ou que receberam o maior número de refugiados relativamente à sua população total - Estónia.
A União Europeia foi rápida a criar mecanismos de exceção para acolher os migrantes ucranianos. Um terço dos mais de 14 mil e 500 inquiridos requereu asilo no país de acolhimento, mas a grande maioria só pediu proteção temporária.
A razão pode ter a ver com a forma como olham para o futuro. Um em cada três inquiridos pretende, em última análise, regressar à Ucrânia. Só um em cada 5 parece decidido a criar raízes no exterior.
Apesar dos vários programas de ajuda, a maioria dos ucranianos paga pelo menos uma parte das despesas com o alojamento.
38% pagam a totalidade das contas - entre renda, água, luz, gás e comunicações, mas 79% declara que sente dificuldades para esticar o rendimento até ao final do mês.
Apenas um em cada três ucranianos encontrou um emprego remunerado. A maioria são mulheres. Muitos continuam a trabalhar nos empregos anteriores.
Muitos dos que não têm emprego, são cuidadores, mas a principal razão para não ter trabalho é o desconhecimento da língua oficial do país onde vivem. Dois terços não falam a língua do país de acolhimento e quase a mesma percentagem de ucranianos não teve aulas.
A Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia sublinha a importância de tomar medidas para favorecer o regresso seguro, gradual e progressivo das pessoas deslocadas à Ucrânia. Um repatriamento que deverá ocorrer em massa quando terminar o conflito.