As recentes fugas de documentos secretos relacionados com o conflito na Ucrânia levanta questões sobre a eficácia das agências de segurança norte-americanas
Uma enorme fuga de documentos secretos abalou os Estados Unidos e está agora a levantar questões sobre como as autoridades norte-americanas lidaram com este incidente.
A fuga parece ter começado num pequeno chatroom privado situado plataforma social chamada Discord, popular entre os jogadores de vídeojogos.
Os documentos fornecem o que tudo sugere tratar-se de detalhes sobre o progresso dos combates na Ucrânia e revelando ainda as tácticas de espionagem dos EUA em todo o mundo.
De acordo com uma investigação da Bellingcat, estes ficheiros altamente secretos haviam sido partilhados já em Janeiro, mas só chamaram a atenção de Washington no início de Abril.
Ainda não está claro quando ocorreu a fuga original e quem é exactamente o responsável, mas de acordo com o Washington Post, o responsável aparenta ter trabalhado numa base militar e é descrito como um solitário e interessado em armas
Até esta quinta-feira à noite ainda não havia sido efetuada qualquer detenção formal, embora alguns meios de comunicação tenham noticiado a detenção de um indivíduo identificado como sendo Jack Teixeira, um guarda nacional de 21 anos da força Aérea americana.
Os documentos são normalmente acessíveis apenas aos funcionários com o mais elevado nível de habilitação de segurança.
Será que isto representa uma fraqueza na forma como as agências secretas dos EUA lidam com a informação sensível? Foi esta a questão que colocámos a Dan Lomas, um perito em inteligência e segurança baseado no Reino Unido.
"Eu diria que o problema da era da Internet é que há muitas formas das pessoas espalharem informações. O facto de existirem tantas plataformas, o facto de se espalhar informação de forma anónima, penso que é isso que constitui o verdadeiro problema. Mas no cerne desta história, penso eu, está o problema de alguém imprimir estes documentos depois de aparentemente os ter levado para casa para reproduzir e publicar online. Esta é, penso eu, a verdadeira questão aqui. Penso que também existem potenciais problemas em relação à verificação de indivíduos, mas a maior parte é sobre a segurança dos documentos e quem tem acesso a isto. E suspeito que vamos começar a ver um aperto nos processos de tratamento de documentos", disse o perito da Universidade Brunel no Reino Unido.
As autoridades dos EUA continuam a lutar para responder a esta fuga extremamente sensível.
Mas o mistério não é apenas quem publicou os documentos, mas porquê?
O motivo da fuga permanece pouco claro e a forma como aconteceu é também muito invulgar, segundo o perito britânico.
"Trata-se de um exemplo único de fuga. Estamos a ver alguém revelar informações não para fins políticos, não para fins de denúncia, mas aparentemente pela estranha razão de querer fazer amigos... Se o The Washington Post estiver correto e o indivíduo que identificou for o verdadeiro responsável, estamos perante alguém com uma motivação completamente diferente", defende Dan Lomas.
À medida que a investigação se desenrola, os funcionários preparam-se para a possibilidade de mais informação secreta poder estar a circular pela internet.