Presidente francês reiterou o apelo ao desenvolvimento de um sistema de defesa europeu independente.
Emmanuel Macron apelou, esta segunda-feira, aos países europeus para procurarem ter mais independência na defesa do espaço aéreo, de forma a evitar a excessiva ligação aos EUA.
O presidente francês defendeu a construção europeia da própria estratégia de proteção do espaço aéreo – um tema recorrente atendendo ao sentido de urgência criado pela guerra na Ucrânia – durante o discurso de encerramento de uma conferência em Paris.
“Precisamos saber qual é a situação de ameaça … E então, o que é que nós, europeus, somos capazes de produzir? E o que precisamos depois, comprar?", sublinhou Macron.
O presidente francês também se manifestou contra a compra imediata "do que está nas prateleiras.”
O debate incluiu o combate anti-drone e a defesa contra mísseis balísticos, disseram os organizadores franceses, observando que a invasão russa da Ucrânia evidenciou a importância e eficácia de tais equipamentos. A dissuasão de armas nucleares também esteve na agenda da conferência.
O encontro contou com a presença de diplomatas da Alemanha, Reino Unido e Suécia, e de representantes de países vizinhos da Ucrânia como a Polónia, Eslováquia, Hungria e Roménia, além de representantes da NATO e da União Europeia.
Macron pressionou os fabricantes europeus de equipamentos de defesa a construir sistemas militares independentes e a realocar a produção para o velho continente.
A estandardização dos EUA resultou na dependência europeia do país, disse Macron, defendendo "padrões europeus aprimorados.”
"Os americanos estandardizaram muito mais do que nós e têm agências federais que fornecem subsídios massivos aos seus fabricantes”, acrescentou.
O sistema de defesa terra-ar de médio alcance MAMBA, desenvolvido por França e Itália, “está agora implantado e operacional na Ucrânia, protegendo instalações e vidas importantes”, ressalvou.
A entrega do sistema a Kiev foi anunciada por Paris e Roma em fevereiro.
“É realmente a Europa a proteger a Europa”, insistiu Macron.
O sistema MAMBA já faz parte da defesa aérea e antimísseis integrada da NATO.
França tem criticado abertamente os planos liderados pela Alemanha para melhorar as capacidades europeias de defesa aérea.
O projeto "Escudo do Céu Europeu" (European Sky Shield), lançado no final do ano passado, é composto por 17 nações europeias, incluindo o Reino Unido, mas não França.
O governo francês acredita que o projeto não preserva adequadamente a soberania europeia, porque se espera que seja amplamente baseado na indústria dos EUA e de Israel.
Prevê-se que o plano liderado pela Alemanha inclua o sistema antimísseis israelita Arrow 3 e se baseie nas capacidades existentes dos mísseis Patriot dos EUA. Propõe-se a integração nos sistemas de defesa aérea e antimísseis da NATO.