Kremlin chegou a ser isolado pelas autoridades. Russos ainda tentam decifrar o que se passou
Um país que ensaia um regresso à normalidade e levanta finalmente medidas de segurança extremas trazidas para enfrentar a ameaça Wagner. Mas também uma Rússia que se confronta com uma presidência aparentemente muito mais frágil do que se dizia.
O Kremlin chegou a ser isolado pelas autoridades. Continua a haver mais polícia do que o habitual nas ruas.
Já circularam vídeos de Vladimir Putin a falar sobre temas completamente diferentes - como a juventude e a indústria -, o que pode indicar que o Kremlin utilizou novamente a estratégia de divulgar imagens gravadas antes de momentos críticos, para mostrar tranquilidade à população.
Alguns moscovitas ainda tentam decifrar o que se passou.
"Para se perceber quem tem razão e quem é o culpado, é preciso saber que a rebelião militar foi organizada pelos EUA, através de Prigozhin e assim por diante", dizia um habitante. Outro russo apontava que "é claro que Vladimir Vladimirovich tem razão, sou sempre a favor de Vladimir Vladimirovich Putin. Não conheço Prigozhin, mas sei que Vladimir Vladimirovich faz tudo bem".
Uma moscovita salientava que "é impossível ter uma resposta clara neste momento. Não posso dizer nada agora. É preciso algum tempo para pensar no assunto. Foi tudo tão caótico, aconteceu tão depressa, foi difícil de entender".
Por momentos, a cidade russa de Rostov tornou-se no epicentro da guerra na Ucrânia, quando o grupo Wagner conquistou o quartel que serve de base ao exército.
Os mercenários desapareceram entretanto das ruas. Mas fica no ar o facto de que muitos habitantes aplaudiram os combatentes de Prigozhin na marcha para derrubar o poder de Putin.
Segundo declarou o secretário de Estado norte-americano Antony Blinken, no domingo, esta crise revela "verdadeiras brechas" ao mais nível do Estado russo, por haver alguém no interior do país a prometer libertar o povo e a questionar diretamente o presidente.