A Euronews desmonta uma informação falsa que tem circulado nas redes sociais. #TheCube
Será que as armas enviadas para a Ucrânia vão parar às mãos dos cartéis de droga mexicanos? A notícia foi publicada e difundida em várias redes sociais, mas será verdade?
Tudo começou quando uma apresentadora de televisão mexicana publicou um vídeo no Twitter afirmando que "No estado de Tamaulipas, um alegado membro do Cartel do Golfo foi filmado a transportar uma das armas mais exclusivas e poderosas, um Javelin, que foi utilizado durante a invasão da Ucrânia, com um valor entre 20.000 e 60.000 dólares."
Isto levou centenas de utilizadores do Twitter a afirmar que as armas enviadas pela NATO foram vendidas no mercado negro a cartéis mexicanos e outras organizações criminosas em todo o mundo. Estes receios foram transformados em armas por contas pró-Kremlin. Mas há vários elementos enganadores nestas afirmações.
O que é que a reportagem diz?
O clipe da TV mexicana foi mal traduzido e a apresentadora só menciona a Ucrânia uma vez durante a reportagem, e nunca diz que a arma vista no vídeo foi contrabandeada de lá.
A arma é um lançador de mísseis Javelin?
Contactámos a Raytheon Technologies, a empresa que fabrica o Javelin, e esta foi a sua resposta: "O vídeo não mostra um Javelin, que tem um tamanho e uma forma diferentes".
De acordo com especialistas em armamento, a arma que aparece no vídeo é um lançador de foguetes AT-4 de fabrico sueco. É muito mais pequeno do que o Javelin e menos dispendioso: cerca de 1500 euros em comparação com os 175.000 euros do Javelin.
Poderá um lança-foguetes ucraniano acabar nas mãos de um cartel de droga?
Existe a possibilidade de estas armas serem vendidas ilegalmente a organizações criminosas?
Eis o que pensa um especialista em comércio ilegal de armas, Nils Duquet, diretor do Instituto Flamengo para a Paz: "É muito, muito improvável que, neste momento, os cartéis de droga mexicanos possuam armas provenientes da Ucrânia. Sabemos que o tráfico de armas é geralmente um fenómeno regional. Por isso, se houver tráfico a partir da Ucrânia, este aparecerá primeiro nos países vizinhos e não imediatamente noutros continentes. E, de facto, não vimos nenhuma prova credível de tráfico de armas de fogo para fora da Ucrânia nos últimos dois anos.