O fundador da plataforma WikiLeaks, acusado de 18 crimes nos EUA, poderá ser extraditado se o tribunal londrino decidir contra ele.
O fundador da plataforma WikiLeaks, Julian Assange, está a enfrentar aquela que poderá ser a sua última audiência no Reino Unido, para evitar ser extraditado para os Estados Unidos sob acusações de espionagem.
O Supremo Tribunal de Londres vai ouvir dois dias de argumentos, a partir de terça-feira, sobre se o australiano de 52 anos - que tem lutado contra a extradição há mais de uma década - pode bloquear a transferência para os EUA.
O jornalista australiano está preso na prisão de Belmarsh desde abril de 2019, depois de ter passado anos em exílio autoimposto na embaixada do Equador na capital britânica.
Assange foi indiciado por 18 acusações sobre a publicação de centenas de milhares de documentos confidenciais em 2010 na Wikileaks, que expuseram irregularidades militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão.
Das acusações, 17 são de espionagem e uma de utilização indevida de computadores.
A extradição de Assange já foi bloqueada uma vez em 2021 por um juiz de Londres, porque o jornalista australiano poderia suicidar-se se fosse detido numa prisão americana.
Os advogados de Assange deverão pedir aos juízes do Supremo Tribunal que concedam uma nova audiência de recurso ao seu cliente.
Se os dois juízes - Victoria Sharp e Jeremy Johnson - decidirem contra o jornalista, este pode então recorrer ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem para bloquear a sua extradição.
Os seus apoiantes temem que ele possa ser extraditado para os Estados Unidos antes de poder recorrer ao Tribunal Europeu e prometeram dois dias de protestos em frente ao Supremo Tribunal de Londres.
"Esta audiência marca o início do fim do processo de extradição, uma vez que os fundamentos rejeitados por estes juízes não podem ser objeto de recurso no Reino Unido, o que coloca Assange perigosamente perto da extradição", afirmou o grupo de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras.
Na semana passada, o parlamento australiano apelou ao regresso do jornalista ao seu país de origem.
"Independentemente da posição das pessoas, esta situação não pode continuar indefinidamente", afirmou o primeiro-ministro Anthony Albanese.