Manifestações semelhantes contra a guerra de Israel em Gaza ocorreram em vários campus universitários nos EUA.
A polícia francesa retirou pacificamente dezenas de estudantes da prestigiada universidade Sciences Po, em Paris, na sexta-feira.
A manifestação foi de apoio à Palestina e contra as relações da Universidade de Sorbonne com Israel e surgiu depois da polícia ter anulado protestos estudantis pró-palestinianos em campus universitários de toda a França na quinta-feira, de acordo com o gabinete do primeiro-ministro.
Estudantes do campus central da Sciences Po, em Paris, hastearam bandeiras palestinianas e entoaram palavras de ordem em apoio ao povo de Gaza, enquanto Israel continua a sua ofensiva militar contra o Hamas.
O edifício principal da Sciences Po — instituição onde o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro Gabriel Attal estudaram, entre muitos outros ex-alunos conhecidos — esteve acantonado desde quinta-feira, forçando a administração da universidade a passar as aulas para online.
Os estudantes também realizaram protestos nas universidades de Lille, no norte, Reims, e Lyon, no sudeste.
A polícia foi mandada retirar os estudantes de 23 campus franceses na quinta-feira e “todos foram evacuados dentro de poucas horas”, disse o gabinete do primeiro-ministro Gabriel Attal.
Uma forte presença policial será mantida perto do instituto Sciences Po, da Universidade de Sorbonne, em Paris, para evitar novos bloqueios às aulas, acrescentou o mesmo gabinete em comunicado.
Os manifestantes pediram uma comissão de investigação para examinar as relações económicas da universidade com Israel para garantir que não estão a violar o direito internacional, entre outras exigências.
A Sciences Po disse que o administrador Jean Bassères reuniu-se durante a noite e sexta-feira de manhã com os alunos que ocupavam o local para tentar encontrar uma solução que permitisse a realização de exames.
Bassères pediu à polícia para intervir, depois de não ter conseguido chegar a um acordo, descrevendo a decisão como “difícil” de tomar. A escola, disse, “lamenta que múltiplos esforços de diálogo não tenham permitido que isso seja evitado”.
Na semana passada, manifestantes pró-palestinianos e pró-israelitas enfrentaram-se na rua, em frente à Sciences Po. A polícia de choque teve de intervir para separar os grupos.
O protesto terminou este sábado, pacificamente, depois dos estudantes pró-Palestinianos terem concordado em abandonar as instalações.
A universidade concordou ainda suspender qualquer processo disciplinar contra os estudantes que protestaram e organizar uma comissão para debater o assunto.
Mais estudantes europeus juntam-se ao protesto: universidades de Lausanne e Dublin ocupadas
As manifestações de estudantes pró-palestinianos estão a espalhar-se pela Europa. Várias dezenas de estudantes passaram a noite em Géopolis, o edifício da Faculdade de Ciências Políticas e Sociais de Lausanne, na Suíça.
A situação é pacífica, mas as acusações são ferozes: os estudantes afirmam que a Universidade de Lausanne se tornou cúmplice de Israel nesta guerra através da sua cooperação científica.
“Estamos aqui para exigir o fim da cooperação científica com o Estado israelita”, disse um estudante à televisão suíça.
No Trinity College de Dublin, os estudantes acamparam nos terrenos do campus na sexta-feira à noite. A manifestação surge depois de as autoridades universitárias terem multado a associação de estudantes em 214.000 euros devido às perturbações causadas pelos protestos pró-palestinianos dos últimos dias.
Cerimónias de graduação nos EUA bloqueadas
Mais de 2.100 pessoas foram detidas nos campus universitários dos EUA após a eclosão de protestos contra a guerra na Faixa de Gaza.
Este fim de semana realizam-se cerimónias de graduação em colégios e universidades e muitas instituições estão a considerar a possibilidade de suspender ou adiar os eventos programados.
Na sexta-feira, manifestantes no Michigan interromperam a cerimónia de graduação da Escola de Música, Teatro e Dança da Universidade do Michigan.
No mesmo dia, o presidente da Universidade de Vermont anunciou que Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, já não fará o seu discurso de formatura. Alguns manifestantes do campus apelaram à universidade para que revogue o convite de Thomas-Greenfield.
A Universidade do Sul da Califórnia cancelou a sua principal cerimónia de formatura na semana passada e planeia agora realizar um evento mais pequeno para as famílias dos formandos.