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Os centros de deportação ajudarão a acelerar o regresso dos imigrantes?

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Direitos de autor  Euronews
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De Isabel Marques da Silva
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O Sistema Europeu Comum de Regresso tem como objetivo acelerar a deportação dos requerentes de asilo que não estão autorizados a permanecer na União Europeia. Num passo inesperado, abre também a possibilidade de construir os controversos centros de detenção fora do bloco.

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O regulamento revisto vem colmatar uma lacuna no Pacto em matéria de Migração e Asilo, que deverá ser aplicado a partir de julho de 2026, e visa resolver o facto de apenas cerca de 20% das ordens de deportação anuais serem executadas, de acordo com as instituições da UE.

Devem ser definidas listas de países de origem seguros e de países terceiros seguros para onde podem ser enviados os requerentes de asilo rejeitados. Nalguns desses países, podem ser construídos os chamados "centros de regresso" com o apoio financeiro dos Estados interessados da UE.

"A Comissão apresentou vários artigos que estabelecem a base legal para os Estados-membros construírem estes centros de deportação fora da União Europeia, mas a Comissão não vai estar envolvida na sua gestão", diz Jorge Liboreiro, que cobre a política de asilo e migração para a Euronews.

Esta externalização da migração tem sido apoiada pelos partidos de direita e foi considerada inaceitável pelo executivo da UE em 2018, quando tentou rever pela primeira vez o regulamento relativo ao regresso dos requerentes de asilo rejeitados.

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© Euronews

"É a normalização de uma política que era considerada extrema", diz Jorge Liboreiro.

A maior representação de políticos nacionalistas e conservadores no Conselho Europeu e no Parlamento Europeu nos últimos dois anos levou os grupos poderosos, incluindo o Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, a aceitar a ideia.

Javier Zarzalejos, presidente da Comissão de Justiça e Assuntos Internos do Parlamento Europeu, é um dos que vê valor nos eventuais acordos bilaterais para os centros.  

"A União Europeia vai impor determinadas disposições a estes acordos, nomeadamente para garantir o respeito pelos direitos fundamentais, em particular dos mais vulneráveis nos centros", afirma o deputado espanhol do PPE.

No entanto, uma colega belga dos Verdes na comissão parlamentar, Saskia Bricmont, está menos convencida. "Não haverá controlo dos direitos fundamentais. Como é que a UE vai controlar a situação nos países terceiros quando vemos hoje, mesmo sem estes centros oficiais, violações dos direitos humanos por todo o lado?

Obrigações e sanções

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A Comissão Europeia sublinhou que os centros de regresso não são o aspeto central da proposta legislativa, afirmando que a tónica é colocada nas medidas destinadas a obter uma maior cooperação por parte dos requerentes recusados a deixar o bloco voluntariamente.

O regulamento estabelece que o requerente de asilo rejeitado deve cooperar com as autoridades, nomeadamente fornecendo o seu bilhete de identidade e dados biométricos, e não deve fugir para outro Estado-Membro.

Se a pessoa não cooperar, as consequências podem incluir a redução ou recusa de benefícios e subsídios, a apreensão de documentos de identidade e proibições de entrada mais longas.

Serão provavelmente necessários longos meses de negociações para se chegar a um acordo entre os co-legisladores e o regulamento final poderá ser objeto de muitas alterações.

"Por um lado, compreendo as pessoas que migram para outros países porque estão a fugir de situações muito difíceis e delicadas. Por outro lado, precisamos de mais regulamentação, uma vez que, especialmente em Itália, existe atualmente demasiada confusão", diz um cidadão romano questionado pela Euronews sobre o assunto, sublinhando a dificuldade de encontrar um equilíbrio.

Os Estados-Membros da UE manifestaram a intenção de implementar uma mudança de paradigma na política em outubro passado, numa carta assinada por 12 países.

"A Itália, a Dinamarca e os Países Baixos têm liderado os debates políticos sobre a externalização, reunindo outros países numa espécie de coligação.  Creio que estes três países poderão também fazer pressão para construir efetivamente os centros, agora que a regulamentação está em cima da mesa", diz Jorge Liboreiro.

Os tribunais nacionais e europeus podem levantar questões sobre a legalidade, como aconteceu com um centro de tratamento de pedidos de asilo construído pela Itália na Albânia, na sequência de um acordo bilateral. A infraestrutura foi paralisada por ações judiciais, mas o governo de Meloni pode agora considerar a possibilidade de transformar o centro num "centro de regresso".

Veja o vídeo aqui!

Jornalista: Isabel Marques da Silva

Produção de conteúdos: Pilar Montero López

Produção de vídeo: Zacharia Vigneron

Grafismo: Loredana Dumitru

Coordenação editorial: Ana Lázaro Bosch e Jeremy Fleming-Jones

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