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UE e Índia procuram estreitar relações à sombra da Rússia

UE e Índia procuram estreitar relações à sombra da Rússia
Direitos de autor  Euronews
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De Isabel Marques da Silva
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A Comissão Europeia propôs uma nova Agenda Estratégica UE-Índia, para o bloco criar laços comerciais e de segurança com a democracia mais populosa do mundo. No entanto, a aliança duradoura da Índia com a Rússia continua a ser uma fonte de desacordo entre as duas partes.

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Com um comércio bilateral de mercadorias no valor de 120 mil milhões de euros, a UE é o maior parceiro comercial da Índia. A Comissão Europeia gostaria de concluir um acordo de comércio livre até ao final do ano, que poderia reduzir significativamente os direitos aduaneiros e outras barreiras. 

Após o golpe nas suas relações comerciais com os EUA, na sequência da imposição de uma taxa pautal média de 15%, a UE está a tentar acelerar os acordos com outras regiões. 

"Há uma situação geopolítica muito complicada, pelo que a UE está agora a olhar para a Índia, que é o país mais populoso do mundo. É uma superpotência económica em ascensão e é um ator importante no chamado Sul Global. Por isso, é necessário criar uma nova parceria para navegar em conjunto numa situação de turbulência geopolítica", afirmou Jorge Liboreiro, que cobre as relações UE-Índia para a Euronews.

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Mesmo assim, a chefe da política externa da UE, Kaja Kallas, alertou para a necessidade de avaliar os laços históricos militares e económicos da Índia com a Rússia. Nova Deli compra grandes quantidades de armas e petróleo a Moscovo, ajudando a Rússia a alimentar a sua economia de guerra e a agressão contra a Ucrânia. 

"Sabemos que a Índia e a Rússia têm uma relação de longa data e não creio que possam simplesmente cortar os laços de um dia para o outro", afirmou Angelika Niebler (Alemanha/PPE), presidente da Delegação para as Relações com a Índia no Parlamento Europeu. 

O legislador considera que a UE tem de fazer um exercício de prós e contras através do diálogo: "Penso que é importante que a UE se empenhe, exprima as nossas preocupações, mas também tente compreender a sua perspetiva e os seus interesses. Claro que depois temos de defender os nossos próprios interesses", acrescentou. 

O pragmatismo impera

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Tendo em conta o atual realinhamento geopolítico, outro pilar central a desenvolver é a Parceria UE-Índia em matéria de Segurança e Defesa. O orçamento de defesa da Índia para 2025-2026 é de 69 mil milhões de euros e o seu fornecedor tradicional é a Rússia, que representa 36% das suas aquisições.  

No entanto, a Índia tem vindo a comprar mais ao Ocidente, em especial aos EUA, Israel, Reino Unido, França e Alemanha. Com a deterioração dos laços com os EUA, a Índia vê a UE como um potencial novo ponto focal. 

Em 2025, foram assinados acordos de fornecimento militar com dois dos principais Estados-Membros: A França vendeu 26 caças Rafale Marine, avaliados em 7 mil milhões de euros, e a Alemanha vai construir seis submarinos Type 214 com parceiros indianos, avaliados em 5 mil milhões de euros. 

"Neste momento, as relações da Índia com os Estados Unidos estão muito enfraquecidas, Donald Trump está a fazer tudo o que pode para alienar Nova Deli: 50% de direitos aduaneiros, uma nova abordagem relativamente ao Paquistão. Por isso, a Índia pensa que a União Europeia pode ser o maior parceiro do Ocidente", afirmou Jorge Liboreiro. 

Mas será que a UE deve ver a Índia como um aliado fiável quando o primeiro-ministro Narendra Modi parece estar a aproximar-se da China, historicamente um rival? A UE acusa a China de sobreprodução industrial, restrições à exportação e critica o seu apoio à guerra da Rússia contra a Ucrânia. 

O eurodeputado Niebler não vê a proximidade da Índia com a China como um impedimento: "Vamos concentrar-nos na nossa política. Não quero culpar os outros por fazerem isto ou aquilo". 

"Temos de adotar uma abordagem pragmática e realista, centrando-nos sempre naquilo que é do nosso interesse, naquilo que fortalece a União Europeia", disse à Euronews. 

A Comissão Europeia pretende que os esforços diplomáticos se orientem para a realização de uma cimeira UE-Índia no início de 2026. 

Veja o vídeo aqui! 

Jornalista: Isabel Marques da Silva 

Produção de conteúdos: Pilar Montero López 

Produção de vídeo: Zacharia Vigneron 

Grafismo: Loredana Dumitru 

Coordenação editorial: Ana Lázaro Bosch e Jeremy Fleming-Jones

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