Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Será que a parceria UE-Mercosul vai arrancar?

Será que a parceria UE-Mercosul vai arrancar?
Direitos de autor  Euronews
Direitos de autor Euronews
De Isabel Marques da Silva
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Copied

O Acordo de Parceria UE-Mercosul prevê a criação da maior zona de comércio livre do mundo. Foram necessários 25 anos para chegar a um acordo que está agora a ser ratificado. No entanto, o processo criado pela Comissão Europeia está a ser contestado por vários setores.

PUBLICIDADE

Muitos produtos da UE pagam atualmente elevados direitos de exportação para o bloco do Mercosul, constituído pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Alguns exemplos notáveis são os automóveis (35%), vinhos e bebidas espirituosas (até 35%), queijo (28%) e maquinaria (até 20%).

Com o Acordo de Parceria UE-Mercosul, estes direitos aduaneiros serão eliminados ou significativamente reduzidos, criando novas oportunidades para um mercado de 780 milhões de consumidores, que representa 25% do comércio mundial.

A Comissão Europeia acaba de apresentar uma proposta para o processo de ratificação do acordo político alcançado em dezembro de 2024. No entanto, os agricultores, os ambientalistas, alguns grupos do Parlamento Europeu e os Estados-Membros opõem-se ao acordo.

©
© Euronews

"É um empreendimento arriscado porque, se todo o acordo for ratificado pelos parlamentos nacionais, alguns deles podem opor-se ao texto, como já aconteceu no passado", explica Peggy Corlin, repórter sénior da Euronews para a política comercial.  

"A Comissão Europeia decidiu separar a parte comercial da parte política, pelo que o Conselho dos Estados-Membros votará o texto por maioria qualificada. Será também votado pelo Parlamento Europeu por maioria simples, pelo que há mais hipóteses de ser implementado rapidamente", acrescentou.

A França, a Polónia e a Itália estão entre os Estados-Membros mais céticos, receando o impacto no seu importante setor agroindustrial. Para que o acordo comercial entre em vigor, é necessário que pelo menos 15 Estados-Membros, que representam 65% da população da UE, votem a favor do acordo.

O setor agrícola é um dos maiores críticos do acordo, razão pela qual a Comissão Europeia acrescentou recentemente salvaguardas num novo texto jurídico a anexar ao acordo. Estas incluem quotas que limitam as importações de produtos considerados mais sensíveis (como a carne de bovino, as aves de capoeira, o açúcar, o arroz e o mel) e um fundo de 6,3 mil milhões de euros para ajudar os agricultores afetados por crises de mercado.

Uma nova posição geopolítica depois do "America First"

©
© Euronews

Um dos fatores que contribui para uma ratificação mais rápida é a alteração da situação geopolítica desde o início das negociações com o Mercosul, há cerca de 25 anos.

"O parceiro comercial mais importante da América Latina passou a ser a China. Precisamos absolutamente de concluir este acordo também para nos tornarmos um parceiro comercial mais importante para a América Latina", afirmou Karel Lanoo, diretor executivo do Centro de Estudos de Política Europeia (CEPS), um grupo de reflexão sediado em Bruxelas.

"Depois do quase escandaloso acordo comercial entre a UE e os EUA, a UE pode ser vista como um parceiro pouco fiável", disse Lanoo sobre o acordo selado em agosto, que aumentará os direitos aduaneiros para 15% sobre cerca de 70% dos produtos da UE exportados para os EUA.

O acordo com o Mercosul também aumentará o acesso a matérias-primas essenciais, o que poderá ter um impacto significativo na indústria da UE. "É mais uma oportunidade para reduzirmos drasticamente a enorme dependência que temos da China, que se foi acumulando sem nos apercebermos", disse o analista do CEPS.

Um grupo de eurodeputados de esquerda lidera um projeto de resolução para bloquear o processo de ratificação do acordo com o Mercosul perante o Tribunal de Justiça Europeu, criticando a solução proposta pela Comissão Europeia.

Veja o vídeo aqui!

Jornalista: Isabel Marques da Silva

Produção de conteúdos: Pilar Montero López

Produção de vídeo: Zacharia Vigneron

Grafismo: Loredana Dumitru

Coordenação editorial: Ana Lázaro Bosch e Jeremy Fleming-Jones

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Estará a UE a falhar na prevenção dos incêndios florestais?

Conseguirá a UE aplicar a nova lei da liberdade de imprensa?

Irá a economia da UE sobreviver ao acordo comercial com os EUA?