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Juíza que condenou Marine Le Pen está sob proteção policial devido a ameaças online

Desenho de Valentin Pasquier que mostra a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen a ser julgada, 14 de outubro de 2024.
Desenho de Valentin Pasquier que mostra a líder da extrema-direita francesa Marine Le Pen a ser julgada, 14 de outubro de 2024. Direitos de autor  AP
Direitos de autor AP
De Estelle Nilsson-Julien
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Bénédicte de Perthuis, a juíza que presidiu ao tribunal de Paris na segunda-feira, foi alvo de vários insultos na Internet.

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Enquanto a política de extrema-direita Marine Le Pen prometeu recorrer da condenação que lhe foi imposta na segunda-feira, a juíza que presidiu ao seu caso enfrentou uma várias ameaças e insultos na Internet.

Bénédicte de Perthuis, a juíza que condenou Le Pen por desvio de fundos da UE e a impediu de concorrer às eleições presidenciais de 2027, foi colocada sob proteção policial, na noite de segunda-feira, devido a alegadas ameaças de morte que recebeu, noticiou a imprensa francesa.

Perthuis foi alvo de uma série de ameaças que a ofenderam, apesar de a própria juiza ter sublinhado que o papel do tribunal e o seu cargo como juíza seria tratar o caso de Le Pen como qualquer outro.

"A igualdade perante a lei é um pilar da democracia. Os funcionários não gozam de impunidade", disse de Perthuis na segunda-feira, antes de proferir a sentença, na qual trabalhou com dois outros juízes de alto nível.

Na segunda-feira, Le Pen abandonou a sala de audiências antes de ser pronunciada a sentença, escrevendo no X: "Dizem-me que é uma decisão judicial, mas não, é uma decisão política".

Juntamente com 24 outros membros do Rassemblement Nacional (RN), Le Pen foi considerada culpada de um esquema que utilizava dinheiro destinado a assessores do Parlamento Europeu para pagar a funcionários que trabalhavam para o partido na sua sede em França.

A líder parlamentar do RN na Assembleia Nacional de França foi condenada a quatro anos de prisão, dois dos quais suspensos e dois a cumprir fora da prisão com pulseira eletrónica.

Ameaças de violência persistem

Em janeiro, o Ministério Público de Paris abriu um inquérito sobre as ameaças de morte publicadas no site de extrema-direita Riposte Laïque - entretanto apagadas - com um artigo intitulado "Um processo estalinista montado para arruinar o RN".

As ameaças seguiram-se ao final do julgamento de Le Pen, que durou nove semanas, em novembro, e foram dirigidas a de Perthuis, bem como aos procuradores Louise Neyton e Nicolas Barret.

Um utilizador publicou um comentário em que pedia "uma bala de 9 mm na nuca da presidente do tribunal".

Outro utilizador, chamado "Job", escreveu: "Não gosto da cara desta juíza. Mais um esquerdista, um merdas que quer ditar a sua ideologia. Deve ser eliminado o mais rapidamente possível".

Após o veredito de segunda-feira, os utilizadores das redes sociais voltaram a visar de Perthuis.

"Benedicte de Perthuis, sua porca, estamos de olho em ti", dizia um post ameaçador no X.

"Fascista de extrema-esquerda", "juíza vermelha" e "a cara da vergonha" que "vandalizou a democracia" foram algumas das outras afirmações feitas pelos utilizadores do X sobre a juíza parisiense.

Um vídeo de três minutos, narrado por uma pessoa com uma máscara negra que faz lembrar uma personagem do jogo Squid Game, afirma que de Perthuis é um "símbolo do poder judicial que já não faz justiça, mas sim a política do sistema".

Outro post amplamente partilhado contém uma fotografia de De Perthuis e uma legenda que afirma que o "poder judicial estava ao serviço do (presidente francês) Emmanuel Macron".

Na sequência do veredito, esta e outras afirmações semelhantes foram partilhadas em grupos do Facebook, muitos dos quais não têm nada a ver com política, sendo antes utilizados por pessoas interessadas em temas que vão desde a partilha de automóveis a caminhadas.

Algumas contas que partilharam afirmações sobre a juíza no X tinham fotografias de perfil geradas por IA, o que sugere que podem ser contas de bots.

'Inaceitável numa democracia'

O Conselho Superior da Magistratura (Conseil Supérieur de la Magistrature) de França manifestou a sua "preocupação com as reações virulentas" que surgiram após o julgamento de segunda-feira.

Numa publicação no X, o ministro da Justiça francês, Gérard Darmanin, classificou as ameaças como "inaceitáveis numa democracia" e "preocupantes para a independência do poder judicial".

Outros políticos, como Mathilde Pannot, presidente do partido de extrema-esquerda La France Insoumise, também afirmaram que a situação é "inaceitável" e que as ameaças online fazem parte de "tácicas de extrema-direita".

Entretanto, os membros do partido Patriotas para a Europa, de Marine Le Pen, não tardaram a manifestar o seu apoio, com o primeiro-ministro húngaro de direita, Viktor Orbán, a publicar "Je suis Marine" no X, pouco depois de o veredito ter sido proferido.

Le Pen prometeu recorrer do seu caso "o mais rapidamente possível" e disse que iria utilizar "todas as vias legais" que pudesse.

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