No Vaticano, a espera pela eleição do novo Papa também se faz sentir nas livrarias.
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Enquanto se espera para saber quem será o sucessor do Papa Francisco antes do fumo branco, há quem confie a sua intuição sobre o futuro Pontífice às leituras.
Entre a Via della Conciliazione e a Praça de São Pedro, os volumes assinados pelos cardeais mais citados como papabili são cada vez mais procurados.
Entre a morte de Bergoglio e o início do Conclave, os livros de Matteo Zuppi, Luis Antonio Tagle, Jean-Marc Aveline, Pierbattista Pizzaballa e os editados por Pietro Parolin voam das prateleiras. Os fiéis mais atentos tentam apanhar entre as páginas vestígios do pensamento, da espiritualidade e até da orientação política dos potenciais sucessores de Francisco.
Entre os observadores privilegiados encontra-se a Libreria San Paolo, na Via della Conciliazione, uma instituição histórica à sombra da Cúpula. O gerente, Francesco Trotta, trabalha no coração do Vaticano há 20 anos: "Este é o meu terceiro Conclave", diz à Euronews. "Já semanas antes da morte do Papa, as vendas de livros sobre Bergoglio começaram a aumentar: quando o estado de Francisco piorou, muitas pessoas começaram a procurar os seus escritos. Depois da sua morte, no entanto, houve uma aceleração: não só as biografias, mas sobretudo o seu magistério, desde a última encíclica Dilexit Nos, até à mais famosa Laudato si', ou Amoris laetitia.
O olhar dos leitores vira-se agora para os possíveis sucessores: "todos os dias há um novo nome que parece ser o favorito e, por isso, as pessoas perguntam se há algum livro que ele tenha escrito", continua Trotta. "Há um interesse crescente por livros que explicam como funciona o Conclave, incluindo as novas regras introduzidas pelo próprio Francisco.
Mas também há algo mais, explica Francesco Trotta: "sentimos uma ansiedade positiva, o desejo de compreender, de imaginar quem irá liderar a Igreja num futuro próximo".
Conclave fora dos limites mas não nos livros
Segundo Trotta, não faltaram visitas "ilustres": "alguns cardeais vieram às livrarias, também porque muitos vêm do estrangeiro e aqui encontram textos que podem ser difíceis de encontrar nos seus países".
Quando questionado se algum secretário veio em nome de um cardeal para comprar um livro para levar consigo para o Conclave, "não podemos saber, mas é possível", responde Trotta.
O próprio Papa Francisco, no seu primeiro Angelus , disse que nessa altura tinha tido a oportunidade de ler um livro do Cardeal Kasper. "Não pensem que faço publicidade aos livros dos meus cardeais! Não faço! Mas fez-me muito bem", sublinhou Bergoglio.
A biografia do Papa Francisco é o livro mais vendido em Itália
Enquanto os olhos do mundo estão postos nos cardeais, as livrarias também estão a celebrar o legado do pontífice cessante.
Não é por acaso que no topo da tabela dos livros mais vendidos em Itália está "Spera" do Papa Francisco, a biografia de José Mario Bergoglio. Publicado a 14 de janeiro de 2025, o livro traça a vida intensa do Pontífice que "veio quase do fim do mundo".
Após a morte de Francisco, a 21 de abril, "Spera" chegou ao topo da tabela de vendas: primeiro lugar na Amazon Itália na categoria "Instituições e Organizações Cristãs" e segundo na secção "Igreja Católica Romana".
Em todas as livrarias do Vaticano, o título continua a ser exibido, hoje ao lado dos textos dos futuros papas, como que para sublinhar o fio de continuidade, ou de rutura, entre o Papa que foi e o que virá.