Segundo as autoridades, vários mísseis atingiram centros populacionais em Israel, numa altura em que o conflito entra no sétimo dia.
O sétimo dia do conflito entre Israel e o Irão começou com uma dramática troca de ataques.
Na quinta-feira de manhã, o Irão disparou cerca de 20 mísseis balísticos contra Israel, segundo estimativas das Forças de Defesa de Israel (IDF, sigla em inglês). O Hospital Soroka, em Be'er Sheva, no sul de Israel, bem como Holon e Ramat Gan, no centro do país, foram alvo de disparos. Segundo o balanço mais recente, 65 pessoas ficaram feridas.
De acordo com o diretor-geral do Centro Médico Soroka, Shlomi Kodesh, o foguete atingiu um edifício antigo do departamento de cirurgia, que foi evacuado nos últimos dias.
"Outros edifícios do hospital ficaram muito danificados. Todos os doentes e todo o pessoal estavam em abrigos. As poucas vítimas que registámos sofreram ferimentos ligeiros, sobretudo devido à onda de choque", disse Kodesh ao The Times of Israel.
Netanyahu diz que Irão pagará "preço elevado"
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, prometeu retaliação.
"Esta manhã, os tiranos terroristas do Irão lançaram mísseis contra o hospital Soroka, em Be'er Sheva, e contra a população civil no centro de Israel», escreveu Netanyahu numa publicação no X.
"Faremos com que os tiranos em Teerão paguem um preço elevado", acrescentou.
A agência de notícias estatal iraniana IRNA confirmou o ataque, mas disse que os alvos principais eram centros militares israelitas próximos ao hospital, especificamente o Comando C4I e o Campo de Inteligência das IDF no Parque Tecnológico Gav-Yam.
Segundo a IRNA, o hospital foi apenas exposto a ondas de choque e não sofreu danos graves.
Funcionários do hospital disseram que várias pessoas ficaram feridas no ataque e pediram ao público que não fosse ao local para tratamento.
"Enquanto Israel tem como alvo os programas nucleares e de mísseis do Irão, que ameaçam não só a nós mas o mundo inteiro, o Irão tem como alvo os hospitais e as crianças israelitas", escreveu Benny Gantz, um dos líderes da oposição israelita, numa publicação no X. Gantz publicou uma fotografia que mostra o rescaldo do ataque.
Eli Bin, chefe do serviço de ambulâncias Magen David Adom, afirmou que um andar do hospital que foi atingido foi evacuado ainda ontem e que “muitas vidas foram salvas”, devido à evacuação prévia.
As imagens não verificadas que circulam nas redes sociais parecem mostrar a destruição no átrio principal do hospital e o pessoal médico a correr pelos corredores.
Os meios de comunicação social estatais iranianos informaram mais tarde que o alvo pretendido da saraivada de mísseis era o quartel-general do comando e dos serviços secretos do exército israelita, situado junto ao Hospital Soroka.
O hospital, que tem mais de 1.000 camas, serve cerca de 1 milhão de habitantes da região sul de Israel, segundo o site do mesmo.
Em comunicado, a organização israelita Magen David Adom (MDA) afirmou que os médicos estavam a retirar e tratar duas pessoas em estado grave, bem como 30 outras que sofreram ferimentos ligeiros devido a explosões e estilhaços.
Acrescentou que outras equipas do MDA estavam a tratar “vários feridos em vários locais”.
Em Holon, dez vítimas foram transferidas para o Wolfson Medical Center até ao momento: duas em estado grave, uma em estado moderado e sete com ferimentos ligeiros.
Em Ramat Gan, 16 pessoas com ferimentos ligeiros foram transportadas por equipas do MDA para os hospitais de Beilinson, Sheba e Ichilov.
O ministro da Defesa, Yisrael Katz, afirmou que o líder iraniano Ali Khamenei “será responsabilizado” pelos seus “crimes de guerra”.
“O cobarde ditador iraniano está instalado num bunker fortificado e ataca deliberadamente hospitais e casas em Israel”, afirmou Katz.
Katz disse que ele e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deram instruções às IDF para intensificar os ataques contra alvos estratégicos no Irão e alvos governamentais em Teerão, a fim de eliminar as ameaças ao Estado de Israel e desestabilizar o regime dos aiatolas.
O ministro israelita dos Negócios Estrangeiros, Gideon Saar, afirmou que “o regime iraniano está a atingir deliberadamente civis e a cometer crimes de guerra”.
As IDF divulgaram um vídeo que mostra as consequências do ataque de um míssil iraniano a um hospital.
Ataques no Irão
Entretanto, o gabinete do porta-poz das IDF informou que a Força Aérea das Forças de Defesa de Israel tinha atingido dezenas de alvos militares no Irão e foi emitido um aviso instando os civis a evacuar a área em torno do reator de água pesada de Arak.
O alerta foi partilhado nas redes sociais e incluía uma imagem de satélite da instalação marcada com um círculo vermelho.
A televisão estatal iraniana confirmou mais tarde que a área tinha sido atingida, mas informou que não havia “qualquer perigo de radiação” e que as instalações já tinham sido evacuadas antes do ataque.
“Talvez sim, talvez não”: Trump não confirma possibilidade de EUA atacarem Irão
Apesar de os relatórios indicarem um maior envolvimento dos EUA no conflito, o presidente Donald Trump afirmou que ainda não decidiu se vai intervir militarmente. Os relatórios sugerem que o líder da Casa Branca está a ponderar um potencial apoio a um ataque israelita às instalações nucleares do Irão.
O líder supremo do Irão, Ayatollah Ali Khamenei, avisou na quarta-feira que qualquer envolvimento militar dos EUA causaria “danos irreparáveis”.