Os ataques aéreos israelitas atingiram várias cidades iranianas na sexta-feira, tendo a ONU confirmado danos no reator de água pesada de Arak.
A Agência Internacional da Energia Atómica (AIEA) disse, esta sexta-feira, que um ataque aéreo israelita ao reator de água pesada de Arak, no Irão, também danificou edifícios importantes, "incluindo a unidade de destilação".
Numa publicação no X, a AIEA disse ter informações de que o reator atingido estava em construção e não estava operacional, pelo que não continha material nuclear.
No entanto, a agência não tem informações para confirmar onde exatamente o complexo foi atingido.
O chefe da AIEA, Rafael Grossi, vai estar no Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda esta sexta-feira para dar informações sobre a situação das instalações nucleares iranianas.
O programa nuclear iraniano está no centro do atual conflito com Israel, que já vai no oitavo dia, com os responsáveis israelitas a prometem destruir o que consideram ser uma ameaça existencial.
Anteriormente, o Irão tinha assinado um acordo nuclear internacional, conhecido como Plano de Ação Conjunta Global (PACG), que permitiu que o país beneficiasse de uma redução das sanções em troca da limitação das atividades nucleares.
Em 2018, durante o primeiro mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump retirou o país deste pacto, classificando-o como "o pior acordo alguma vez negociado" e aplicando novas sanções ao Irão.
Desde então, os outros signatários do acordo têm lutado para manter o Irão em conformidade, mas Teerão considera o acordo nulo e continuou com o enriquecimento de urânio, que nos níveis atuais se situa em 60%.
Este valor é tecnicamente inferior aos níveis de enriquecimento de urânio para fins militares, que são de 90%, mas muito superior aos 3,67% permitidos pelo PACG.
O Irão insiste ter um programa nuclear pacífico e puramente para fins civis. Teerão diz ainda que o reator de Arak só vai ser utilizado para investigação, desenvolvimento e produção de isótopos médicos e industriais.
Israel, por outro lado, diz que Teerão está a trabalhar para a construção de uma arma nuclear, que pode vir a ser utilizada contra Israel.
O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que os diplomatas europeus vão fazer uma "oferta de negociação abrangente, diplomática e técnica" ao Irão, em Genebra, na sexta-feira, como resposta à "ameaça" representada pelo programa nuclear iraniano.
"Ninguém pode acreditar seriamente que esta ameaça pode ser enfrentada apenas com as operações atuais (de Israel)", disse Macron.
"Porquê? Porque existem algumas centrais que estão altamente protegidas e porque, atualmente, ninguém sabe exatamente onde o urânio é enriquecido a 60%. Por isso, temos de recuperar o controlo sobre o programa (nuclear iraniano) através de conhecimentos técnicos e de negociações", acrescentou.
O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Jean-Noël Barrot, vai coordenar as conversações com os seus homólogos britânico e alemão - conhecidos coletivamente como os países do E3 - em Genebra, antes de se encontrarem com o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Abbas Araghchi.
"É absolutamente essencial dar prioridade ao regresso às negociações substanciais, incluindo as negociações nucleares para avançar para o enriquecimento zero (de urânio), negociações balísticas para limitar as atividades e a capacidade do Irão e o financiamento de todos os grupos terroristas e a desestabilização da região que o Irão tem levado a cabo há vários anos", insistiu Macron.
Macron reiterou também o apelo para que cessem os ataques de Israel às infraestruturas energéticas e civis e às populações civis no Irão.
"Não há qualquer justificação para isso", afirmou.