O secretário de Estado norte-americano afirmou na quinta-feira que Donald Trump está "desiludido e frustrado por não ter havido mais flexibilidade do lado russo" para pôr fim à guerra na Ucrânia.
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O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou esta quinta-feira que os EUA e a Rússia trocaram novas ideias para as conversações de paz relativas à guerra total que Moscovo está a travar na Ucrânia, apesar da "frustração", depois de se ter reunido com o seu homólogo russo na Malásia.
"Fiz eco do que disse o presidente dos EUA (Donald Trump), que se mostrou desiludido e frustrado com a falta de progressos", disse Rubio aos jornalistas, depois de se ter reunido com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Lavrov.
"Precisamos de ver um roteiro para avançar sobre como esta (guerra) pode ser concluída. E depois partilhámos algumas ideias sobre o que isso poderá ser", afirmou após a reunião de 50 minutos.
No entanto, Rubio disse que os dois discutiram uma "abordagem nova e diferente" das conversações com o Kremlin sobre a forma de pôr fim à guerra, que já vai no seu quarto ano.
"Não a caracterizaria como algo que garanta a paz, mas é um conceito que levarei ao presidente", explicou. No entanto, não deu mais pormenores sobre a nova proposta. "Vamos continuar a envolver-nos onde virmos oportunidades de fazer a diferença", acrescentou.
Rubio e Lavrov mantiveram conversações em Kuala Lumpur à margem do fórum anual da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), que reúne os 10 Estados-membros da ASEAN e os seus parceiros diplomáticos mais importantes, incluindo a Rússia, a China, o Japão, a Coreia do Sul, os países europeus e os EUA.
A reunião foi o segundo encontro desde que Rubio assumiu o cargo, embora tenham falado várias vezes por telefone.
A primeira reunião teve lugar em fevereiro, em Riade, capital da Arábia Saudita, quando a administração Trump procurou testar a Rússia e a Ucrânia quanto à sua vontade de fazer a paz.
A reunião de quinta-feira teve lugar pouco depois de os Estados Unidos terem retomado o envio de armas de defesa para a Ucrânia, após uma pausa para que o Pentágono pudesse rever os stocks de munições nacionais, o que foi bem recebido em Moscovo.
O recomeço surge numa altura em que a Rússia está a realizar uma escalada de ataques aéreos contra a Ucrânia e em que Trump parece estar cada vez mais frustrado Vladimir Putin.
Diplomacia e a ameaça dos direitos aduaneiros
Rubio também se reuniu com outros ministros dos Negócios Estrangeiros, incluindo muitos dos países cujos direitos aduaneiros dos EUA entrarão em vigor a 1 de agosto.
O secretário de Estado norte-americano procurou acalmar as preocupações durante as conversações de grupo com os ministros dos Negócios Estrangeiros da ASEAN.
"O Indo-Pacífico, a região, continua a ser um ponto fulcral da política externa dos EUA", afirmou. "Quando ouço nas notícias que talvez os Estados Unidos ou o mundo possam ser distraídos por acontecimentos noutras partes do planeta, eu diria que a distração é impossível, porque é a nossa forte visão e a realidade de que este século e a história dos próximos 50 anos serão em grande parte escritos aqui nesta região".
Trump notificou vários países, na segunda e na quarta-feira, que iriam enfrentar tarifas mais elevadas se não fizessem acordos comerciais com os EUA.
Entre eles estão oito dos dez membros da ASEAN.
Funcionários do Departamento de Estado dos EUA disseram que as tarifas e o comércio não serão o foco de Rubio durante as reuniões, com a administração republicana de Trump a esperar que seja priorizado o debate sobre a segurança marítima e a segurança no Mar da China Meridional, onde Pequim se tornou cada vez mais tensa em relação aos seus vizinhos menores, bem como o combate ao crime transnacional.
No entanto, Rubio poderá ter dificuldade em evitar a questão das tarifas aduaneiras, que tem incomodado alguns dos aliados e parceiros mais próximos de Washington na Ásia, incluindo o Japão, a Coreia do Sul e a maioria dos membros da ASEAN, que, segundo Trump, serão sujeitos a tarifas de 25% se não for alcançado um acordo.
Rubio reuniu-se na quinta-feira com o primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, que alertou para o facto de o comércio global estar a ser utilizado como arma para coagir as nações mais fracas.
Anwar instou a ASEAN a reforçar o comércio regional e a reduzir a dependência de potências externas.