Volodymyr Zelenskyy manteve conversações com o Papa Leão XIV antes da quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia, que se realiza esta semana em Roma.
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelenskyy, e o Papa Leão XIV discutiram na quarta-feira a possibilidade de o Vaticano acolher conversações de paz para pôr fim à invasão total da Rússia.
Zelenskyy manteve conversações com o Papa no seu retiro de verão em Castel Gandolfo, antes da quarta Conferência de Recuperação da Ucrânia, que terá lugar na quinta e sexta-feira em Roma.
O Papa Leão XIV e Zelenskyy discutiram o conflito e "a necessidade urgente de uma paz justa e duradoura".
"O Santo Padre expressou o seu pesar pelas vítimas e renovou as suas orações e a sua proximidade ao povo ucraniano, encorajando todos os esforços que visem a libertação dos prisioneiros e a procura de soluções partilhadas", refere um comunicado do Vaticano.
"O Santo Padre reiterou a sua disponibilidade para receber no Vaticano representantes da Rússia e da Ucrânia para negociações.
Os Estados Unidos indicaram que o Vaticano poderia acolher possíveis conversações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, mas Moscovo não aceitou.
Em declarações aos jornalistas na quarta-feira, Zelenskyy agradeceu ao Papa pelos esforços do Vaticano para ajudar a reunir as crianças levadas pela Rússia após a invasão de Moscovo, em 2022.
Zelenskyy pediu ainda ajuda contínua e orações "para recuperar as nossas crianças roubadas pela Rússia durante esta guerra".
"Guerra sem sentido"
Em 2023, o Papa Francisco nomeou um enviado, o Cardeal italiano Matteo Zuppi, para tentar facilitar o regresso das crianças e encontrar "caminhos para a paz" entre as duas partes.
Depois de uma explosão inicial de diplomacia de vaivém e de visitas a Kiev, Moscovo, Washington e Pequim, os esforços de Zuppi parecem ter abrandado, pelo menos na esfera pública.
O governo russo foi condenado internacionalmente pelas deportações ilegais de famílias ucranianas, incluindo crianças, para a Rússia, na sequência da invasão em grande escala da Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022.
A Ucrânia conseguiu verificar a deportação de mais de 19 500 crianças ucranianas para a Rússia.
Até à data, apenas 1 350 foram devolvidas, tendo cada regresso sido mediado por um Estado terceiro, nomeadamente o Vaticano, o Qatar e a África do Sul.
O Vaticano não divulgou pormenores sobre os seus esforços para ajudar o regresso das crianças ucranianas ou sobre o número de crianças que foram devolvidas.
O Papa Leão XIV tem sido um forte apoiante da Ucrânia e denunciou a "guerra sem sentido", encontrando-se recentemente com os bispos gregos católicos ucranianos e com peregrinos.
"Não é fácil encontrar palavras de consolação para as famílias que perderam os seus entes queridos nesta guerra sem sentido", disse o Papa aos bispos que o visitaram na semana passada.
"Imagino que também o seja para vós, que estais em contacto diário com pessoas feridas no coração e na carne."