Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Relatora da ONU para a Palestina considera que sanções dos EUA de que é alvo são "sinal de culpa"

A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados, Francesca Albanese, fala aos meios de comunicação social em Sarajevo, 10 de julho de 2025
A relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados, Francesca Albanese, fala aos meios de comunicação social em Sarajevo, 10 de julho de 2025 Direitos de autor  AP Photo
Direitos de autor AP Photo
De Jeremiah Fisayo-Bambi
Publicado a Últimas notícias
Partilhe esta notícia Comentários
Partilhe esta notícia Close Button
Copiar/colar o link embed do vídeo: Copy to clipboard Copied

A decisão do Departamento de Estado de impor sanções a Francesca Albanese seguiu-se a uma campanha de pressão dos EUA, sem sucesso, para forçar o Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, a destituí-la do seu cargo.

PUBLICIDADE

Francesca Albanese, investigadora independente das Nações Unidas e crítica da operação militar israelita em Gaza, afirmou na quinta-feira que "foi chocante" o facto de a administração Trump lhe ter imposto sanções, mas manteve a sua opinião sobre a guerra em curso.

Em entrevista à AP, Albanese referiu que os poderosos estavam a tentar silenciá-la por falar em nome daqueles que têm pouco ou nenhum poder, "a não ser ficarem de pé e esperarem não morrer, não verem os seus filhos a serem massacrados".

"Isto não é um sinal de poder, é um sinal de culpa", afirmou a relatora especial da ONU para os Territórios Palestinianos Ocupados.

A decisão do Departamento de Estado de impor sanções a Albanese seguiu-se a uma campanha de pressão dos EUA, sem sucesso, para forçar o Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, o principal órgão de direitos humanos da ONU, a removê-la do seu posto.

Albanese é responsável por investigar as violações dos direitos humanos nos territórios palestinianos e tem-se manifestado contra o que descreveu como o “genocídio” perpetrado pelos militares israelitas em Gaza.

Tanto Israel como os EUA negaram veementemente essa acusação.

"A campanha de guerra política e económica de Albanese contra os Estados Unidos e Israel não será mais tolerada", afirmou o secretário de Estado Marco Rubio, numa publicação nas redes sociais.

"Estaremos sempre ao lado dos nossos parceiros no seu direito à autodefesa".

Os EUA anunciaram as sanções contra Albanese na quarta-feira, quando o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu estava a visitar Washington para conversações com o presidente Donald Trump, e outros funcionários, sobre a obtenção de um cessar-fogo em Gaza.

Netanyahu enfrenta um mandado de captura do Tribunal Penal Internacional, que o acusa de crimes contra a humanidade na sua ofensiva militar em Gaza.

Na entrevista, Albanese acusou os responsáveis americanos de receberem Netanyahu com honra e de estarem ao lado de alguém procurado pelo TPI, um tribunal de que nem os EUA nem Israel são membros ou reconhecem.

Edifícios destruídos durante as operações terrestres e aéreas israelitas no norte de Gaza, 10 de julho de 2025
Edifícios destruídos durante as operações terrestres e aéreas israelitas no norte de Gaza, 10 de julho de 2025 AP Photo

Trump impôs sanções ao tribunal em fevereiro, em resposta aos mandados de captura emitidos no final do ano passado contra Netanyahu e o seu então ministro da Defesa, Yoav Gallant.

“Precisamos de inverter a maré e, para que isso aconteça, temos de nos manter unidos”, afirmou Albanese. “Eles não podem silenciar-nos a todos.”

Albanese sublinhou que a única forma de vencer é fazendo face ao medo e defendendo os palestinianos e o seu direito a um Estado independente.

A posição da administração Trump “não é normal”, destacou ela, repetindo desafiadoramente: “Ninguém é livre até que a Palestina seja livre.”

As Nações Unidas, a Human Rights Watch e o Centro para os Direitos Constitucionais opuseram-se às sanções impostas pelos EUA a Albanese.

A imposição de sanções a relatores especiais é um precedente perigoso” e “é inaceitável”, disse o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.

Embora Albanese responda perante o Conselho de Direitos Humanos e não perante o secretário-geral António Guterres, os EUA e qualquer outro membro da ONU têm o direito de discordar dos relatórios dos relatores independentes, “mas encorajamo-los a colaborar com a arquitetura de direitos humanos da ONU.”

Trump anunciou a retirada dos EUA do Conselho em fevereiro.

A guerra em Gaza começou quando militantes do Hamas atacaram o sul de Israel a 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis.

O Hamas fez 251 pessoas reféns e ainda mantém 50, das quais se acredita que cerca de 20 estejam vivas. A subsequente ofensiva israelita matou até à data 57.000 palestinianos, na sua maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas, cujos números não distinguem entre combatentes e civis.

O exército israelita afirma que 850 dos seus soldados morreram desde o início da guerra.

Outras fontes • AP

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhe esta notícia Comentários

Notícias relacionadas

Canadá e Malta declaram que vão reconhecer a Palestina, juntando-se a França e ao Reino Unido

Futuro Estado palestiniano vai ser um lugar para as mulheres e respeitar a lei, diz ministra

Ataques israelitas matam pelo menos 32 pessoas em Gaza