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Futuro Estado palestiniano vai ser um lugar para as mulheres e respeitar a lei, diz ministra

Varsen Aghabekian-Shaheen, ministra dos Negócios Estrangeiros da Palestina.
Varsen Aghabekian-Shaheen, ministra dos Negócios Estrangeiros da Palestina. Direitos de autor  Euronews, Frederic Garcon
Direitos de autor Euronews, Frederic Garcon
De Shona Murray
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A ministra dos Negócios Estrangeiros palestiniana, Varsen Shahin, afirmou que qualquer futuro Estado palestiniano será pluralista, respeitando qualquer acordo sobre uma solução de dois Estados. Disse que a Autoridade Palestiniana está a tentar erradicar a corrupção.

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Se surgir um Estado palestiniano, este vai ser pluralista, ter lugar para as mulheres e vai respeitar o direito internacional, incluindo a segurança de Israel, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros palestiniana numa entrevista exclusiva à Euronews.

"Seria uma sociedade pluralista. Vai haver lugar para as mulheres. Sou mulher, sou ministra dos Negócios Estrangeiros, sou cristã e de origem arménia", afirmou Varsen Aghabekian Shahin.

A ministra disse ainda que a Palestina deve respeitar o direito internacional e qualquer acordo assinado com os vizinhos.

Aghabekian Shahin também classificou a inação da União Europeia face à guerra de Israel em Gaza e à violência na Cisjordânia como sendo "chocante e dececionante".

"O mundo inteiro está a assistir ao assassinato brutal de crianças que aguardam cuidados médicos em tendas e à morte de pessoas que fazem fila para receber alimentos básicos", afirmou Aghabekian Shahin.

"Vemos crianças brutalmente assassinadas em tendas, enquanto aguardam cuidados médicos noutra tenda", acrescentou a ministra.

A guerra em Gaza começou em resposta ao ataque terrorista do Hamas de 7 de outubro de 2023.

Aghabekian Shahin acredita que ainda há esperança de um Estado palestiniano, com a Autoridade Palestiniana a controlar tanto Gaza como a Cisjordânia.

Combater a corrupção na Autoridade Palestiniana

A primeira mulher a ocupar o cargo de ministra dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana defendeu ainda que a corrupção que se arrasta há anos no seio da Autoridade Palestiniana e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) - a coligação nacional reconhecida como representante do povo palestiniano na Cisjordânia e em Gaza - está a ser erradicada.

Há também a questão da credibilidade e da influência. Embora alguns palestinianos continuem a apoiar o Hamas, há muitas manifestações contra esta organização. Também a confiança no desempenho da Autoridade Palestiniana está a diminuir, segundo o centro de investigação Palestinian Policy and Survey.

"Não é uma desculpa, mas a corrupção está em todo o lado. E lembrem-se, estamos sob ocupação e a ocupação corrompe", disse Aghabekian Shahin.

"O financiamento externo corrompe, o facto de não podermos dirigir as nossas organizações da forma que queremos também corrompe", disse.

"Isso não é uma desculpa. Mas hoje temos uma agenda de reforma e desenvolvimento deste governo na Palestina. Estamos a trabalhar em todos os aspetos para reduzir a corrupção, diminuir o nepotismo e garantir que as nossas organizações se regem por regras e regulamentos aplicáveis a todos", acrescentou. "Isto leva tempo".

A concretização de um Estado palestiniano é uma possibilidade mais remota do que nunca, tendo em conta a violência e a crise humanitária em Gaza, bem como a violência contínua contra os palestinianos na Cisjordânia.

Além disso, o embaixador dos Estados Unidos em Israel, Mike Huckabee, indicou que Washington já não apoia a solução de dois Estados acordada internacionalmente e considera que Israel tem o direito de ocupar formalmente a Cisjordânia, devido a ligações históricas e bíblicas.

Huckabee afirmou ainda que qualquer potencial Estado palestiniano poderia ser forjado a partir de um país muçulmano já existente, em vez das terras designadas por várias resoluções da ONU para um futuro Estado palestiniano - nomeadamente, a Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental.

No entanto, os países árabes vizinhos indicaram que não querem acolher milhões de palestinianos e continuam a defender uma solução de dois Estados. A Jordânia, o Líbano e, em menor escala, o Egito e a Síria, já albergam grandes populações de refugiados palestinianos das guerras com Israel de 1948 e 1967.

"Mantemos a esperança viva porque somos dois Estados e acreditamos que a solução de dois Estados é a única solução viável", disse Aghabekian Shahin à Euronews.

A ministra acredita que um Estado palestiniano vai concr etizar-se e que os países árabes, como a Arábia Saudita, vão cruciais para esta concretização.

Aghabekian Shahin afirmou ainda que a Arábia Saudita e outros países árabes vão suspender os planos de normalização das relações com Israel, a menos que o Estado judeu negoceie um Estado para os palestinianos.

A Arábia Saudita esteve perto de normalizar formalmente as relações com Israel dias antes do ataque terrorista do Hamas, a 7 de outubro.

"Quando o presidente Trump falou sobre a intenção de criar a Riviera, houve uma resposta muito rápida de todos os países árabes, individual e coletivamente, sobre a questão da não deslocação dos palestinianos", disse.

Em fevereiro passado, numa reunião entre o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse que ia "tomar conta" e "possuir" Gaza, transformando-a na "Riviera do Médio Oriente".

A Arábia Saudita e a França presidem, a nível ministerial, a uma conferência internacional sobre a solução de dois Estados, que vai decorrer em Nova Iorque nos dias 28 e 29 de julho.

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