O ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol vai propor na terça-feira, em Bruxelas, medidas contra Israel que incluem a suspensão do acordo de associação, a imposição de um embargo de armas e a aplicação de sanções aos responsáveis pelo bloqueio do processo de paz.
O governo espanhol vai pedir à União Europeia, na terça-feira, que adote três medidas concretas contra Israel pelos seus ataques à população de Gaza, confirmou o ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, José Manuel Albares.
Madrid vai pedir a suspensão do acordo de associação "pelo menos enquanto durar a guerra", um pedido que considera "nem extravagante, nem extraordinário".
Os ministros dos Negócios Estrangeiros reúnem-se esta terça-feira em Bruxelas, no Conselho dos Negócios Estrangeiros, onde os 27 vão discutir a possibilidade de tomar mais medidas contra Telavive por causa da guerra em Gaza. Albares insistiu que deve ser aprovado um embargo à venda de armas ao país, bem como a inclusão na lista de sanções "daqueles que querem minar a solução do Estado".
A pressão diplomática sobre Israel surge numa altura de crescente instabilidade na região. Enquanto prossegue a ofensiva militar em Gaza, o ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Gideon Sa'ar, afirmou na segunda-feira que o seu país não tem qualquer intenção de manter o controlo a longo prazo sobre a Faixa de Gaza. "Não temos qualquer interesse em governar Gaza após o fim da guerra", afirmou, sublinhando que a prioridade é desmantelar as infraestruturas do Hamas, garantir a segurança das fronteiras e, em seguida, entregar a gestão a atores internacionais ou palestinianos moderados.
Ataques na Síria agravam tensão diplomática com a UE
No terreno a situação continua a agravar-se. Na segunda-feira, o exército israelita lançou um ataque aéreo no sul da Síria, visando tanques do regime de Bashar al-Assad, no meio de combates entre as forças governamentais e as milícias da oposição.
O bombardeamento israelita teve lugar perto da fronteira com os tensos Montes Golã e faz parte de uma série de ataques destinados a travar a presença do Irão na região.
Estes acontecimentos reforçam o argumento de países como a Espanha de que é necessária uma posição mais firme da UE em relação ao governo de Benjamin Netanyahu.
Embora não se espere um consenso imediato entre os 27 Estados-membros, fontes diplomáticas afirmam que vários países, incluindo a Irlanda e a Bélgica, estariam dispostos a considerar medidas adicionais, enquanto outros, como a Alemanha e a Hungria, continuam a mostrar relutância.
Mesmo assim, a proposta espanhola poderá marcar um ponto de viragem na política externa da UE relativamente ao conflito do Médio Oriente.