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Greve de 18 de setembro: o que se pode esperar em França?

Um manifestante segura um cartaz onde se lê "greve" durante uma manifestação organizada pelo movimento "Bloquons tout" em Lille, a 10 de setembro.
Um manifestante segura um cartaz onde se lê "greve" durante uma manifestação organizada pelo movimento "Bloquons tout" em Lille, a 10 de setembro. Direitos de autor  Jean-Francois Badias/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
Direitos de autor Jean-Francois Badias/Copyright 2025 The AP. All rights reserved
De Sophia Khatsenkova
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Uma coligação intersindical sem precedentes está a convocar manifestações contra as medidas orçamentais. Estão previstas mais de 250 manifestações em toda a França, com grandes perturbações nos transportes e nos serviços públicos.

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Na quinta-feira, 18 de setembro, França enfrenta mais um dia de greves e manifestações de dimensão excecional.

Todas as centrais sindicais (CGT, CFDT, CFE-CGC, CFTC, Sud, FO, Unsa e FSU) apelam para a mobilização da população, o que acontece pela primeira vez desde a última manifestação contra a reforma das pensões em 2023.

Já foram anunciados mais de 250 desfiles em toda o país e as autoridades esperam uma participação que poderá ultrapassar os 800 mil manifestantes.

A Euronews explica-lhe o que precisa de saber: reivindicações, percursos das marchas, perturbações esperadas e medidas de segurança.

Quais as razões da mobilização?

Os sindicatos estão a convocar greves e manifestações para denunciar as medidas orçamentais introduzidas este verão por François Bayrou, cujo governo foi derrubado a 8 de setembro.

Se o primeiro-ministro Sébastien Lecornu abandonou rapidamente a supressão de dois feriados - uma medida unanimemente considerada inaceitável pelos sindicatos - não fechou a porta ao resto do programa.

No entanto, para o grupo intersindical, estas medidas são "brutais e sem precedentes" e fazem recair o peso do esforço orçamental sobre "os trabalhadores, os precários, os reformados e os doentes", segundo um comunicado de imprensa conjunto emitido no final de agosto.

Entre elas, a reforma do seguro de desemprego, o congelamento das prestações sociais, a desindexação das pensões e a duplicação das franquias médicas.

Sophie Binet, dirigente da CGT, falou de uma "primeira vitória".

"Estamos numa posição de força", disse, sem deixar de sublinhar que "nada mais foi retirado do museu de horrores de François Bayrou". Marylise Léon, da CFDT, é da mesma opinião, considerando que o orçamento, tal como está atualmente definido, "não é compatível com a justiça social, fiscal e ambiental", daí a sua decisão de aderir ao movimento.

Desfiles e manifestações em França

Estão previstas manifestações em todas as grandes cidades: Paris, Lyon, Marselha, Toulouse, Nice, Rennes, Lille, Montpellier, Nîmes e Perpignan. A CGT publicou um mapa interativo que indica os locais e os horários de cada departamento.

Em Paris, a marcha partirá às 14 horas da Bastilha, passando pela République até à Nation. A direção da marcha foi imposta pela prefeitura, sendo que a CGT queria inicialmente terminar na Concorde.

Paralelamente, o movimento de cidadãos "Bloquons tout" ("Bloquemos tudo") está a preparar ações de grande impacto, nomeadamente na Circular de Paris.

Transportes gravemente afetados

O tráfego ferroviário será fortemente afetado: um TER em três, um Intercités em dois, e algumas perturbações nos TGV InOui, Lyria e Ouigo. A SNCF afirma "todos os clientes deverão poder viajar durante o dia" e propõe trocas ou anulações gratuitas.

Na região de Île-de-France, a situação será caótica: "90% dos condutores de metro em greve e 80% dos condutores de RER em greve", segundo a FO-RATP. Apenas as linhas automáticas 1, 4 e 14 funcionarão normalmente. Os autocarros e os elétricos também serão afetados.

No ar, no entanto, o tráfego permanecerá quase normal, uma vez que o SNCTA suspendeu o seu apelo à greve.

Escolas, hospitais, farmácias: a greve alastra

Um terço dos professores do ensino primário vai estar em greve, segundo o FSU-SNUipp, que alerta para uma gritante falta de recursos.

Os hospitais da região parisiense anunciam greves em todo o setor.

Os farmacêuticos, muito ativos, preveem o encerramento de 98% das farmácias, em protesto contra a redução das margens dos medicamentos genéricos.

Os eletricistas e os trabalhadores do gás organizam manifestações à porta das centrais energéticas.

Disposições de segurança sem precedentes desde os Gilets Jaunes

A dimensão desta jornada de ação é muito superior à do passado dia 10 de setembro, quando 200 000 manifestantes participaram sob o lema "Vamos bloquear tudo", segundo os números divulgados pelo Ministério do Interior.

Perante o risco de desordem, o ministro do Interior demissionário, Bruno Retailleau, deu instruções claras para evitar "qualquer dano" e bloquear "qualquer tentativa de bloqueio das infraestruturas essenciais".

A operação mobilizará 80.000 polícias e gendarmes, 24 veículos blindados Centaure, 10 canhões de água e drones, um arsenal "sem precedentes" desde os Coletes Amarelos.

O foco da polícia continua a ser as grandes cidades, em particular Paris, onde as autoridades esperam entre 30.000 e 60.000 manifestantes, bem como Rennes, Nantes, Toulouse, Dijon, Lyon, Montpellier e Bordéus.

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