O primeiro-ministro Sébastien Lecornu reuniu-se com o grupo intersindical na quarta-feira. Depois de deixarem o Matignon desiludidos, os sindicatos lamentaram a "oportunidade perdida" após mais de duas horas de discussões sobre o orçamento e anunciaram novo protesto na quinta-feira, 2 de outubro.
Após mais de duas horas de discussões consideradas insuficientes, o grupo intersindical deixou Matignon frustrado mas determinado, na quarta-feira.
O primeiro-ministro Sébastien Lecornu não conseguiu convencer os sindicatos. Muito desiludidos, os sindicalistas denunciaram uma"oportunidade perdida" e anunciaram uma nova jornada de mobilização na quinta-feira, 2 de outubro.
"O Primeiro-Ministro não deu uma resposta clara às expectativas dos trabalhadores. É uma oportunidade perdida, não há aqui o suficiente", lamentou Marylise Léon, secretária-geral da CFDT, falando em nome do grupo intersindical à saída da reunião.
A data de 2 de outubro, anunciada imediatamente após a reunião, será confirmada esta noite numa reunião interna.
"O que esperamos é uma resposta precisa e não uma escuta educada", declarou Sophie Binet, secretária-geral da CGT, antes da reunião. No final da reunião, lamentou que"não tenha havido nenhum avanço, nenhum compromisso concreto".
Ultimato lançado após a greve de 18 de setembro
Esta reunião seguiu-se a uma jornada de mobilização nacional na quinta-feira, 18 de setembro, organizada contra a austeridade e os cortes orçamentais.
Nessa ocasião, os sindicatos lançaram um"ultimato" a Sébastien Lecornu, exigindo, nomeadamente, o abandono do aumento da idade da reforma, uma maior justiça fiscal e até mesmo a retirada"de todo o projeto de orçamento".
Os sindicatos avisaram que"se o governo não responder às suas reivindicações até 24 de setembro, os sindicatos voltarão a reunir-se para decidir muito rapidamente uma nova jornada de greves e manifestações".
Sophie Binet recordou que as oito organizações sindicais continuam a exigir que o orçamento do antigo primeiro-ministro François Bayrou seja "enterrado", que a reforma do seguro de desemprego e a supressão de 3.000 postos de trabalho na função pública sejam abandonadas.
Matignon enfrenta pressões sociais e patronais
Mais de duas semanas após a sua nomeação, Sébastien Lecornu ainda não formou o seu governo.
Neste contexto, o primeiro-ministro já aceitou suprimir três delegações interministeriais e congelar as despesas de comunicação do Estado até ao final do ano.
Emmanuel Macron disse na BFMTV que o primeiro-ministro tinha"razão em dar tempo" para formar a sua equipa.
Depois dos sindicatos, os representantes dos empregadores foram recebidos, esta quarta-feira, no Matignon. Patrick Martin, presidente da Medef, maior federação patronal de França, afirmou que o país «precisa de "perspetivas".
Martin confirmou também que uma "grande reunião" seria realizada na segunda-feira, 13 de outubro, em Paris, reunindo todas as organizações patronais, embora a U2P, União das empresas locais (Union des entreprises de proximité, em francês), tenha declarado que não tencionava participar. De acordo com as informações publicadas pelo L'union, o comício tem início às 14h30 (hora local).
"A verdadeira questão em França hoje é recriar o dinamismo económico, porque é assim que vamos alimentar as finanças públicas. A tendência atual não está de todo em consonância com isso. Precisamos de voltar à realidade", declarou Patrick Martin após a reunião.
Espera-se, em particular, que os patrões reafirmem a sua oposição a um imposto Zucman, apoiado pela esquerda, destinado a tributar os rendimentos mais elevados.
Resta saber se o patronato conseguirá repetir o golpe de força de 14 de dezembro de 1982, quando o CNPF (precursor do Medef) mobilizou mais de 20.000 pessoas em Villepinte para se opor à política do governo socialista de François Mitterrand.