As duas detenções fazem parte da operação Gambérria, que visa combater a imigração ilegal em Portugal.
Duas mulheres, funcionárias administrativas de uma Unidade de Saúde Familiar (USF), foram detidas por serem responsáveis pela inscrição fraudulenta de milhares de imigrantes no Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Esta incrição permitia aos imigrantes obterem o Número Nacional de Utente (NNU), que é essencial para a legalização e o acesso a serviços médicos.
De acordo com o comunicado da Polícia Judiciária, foram realizadas duas buscas domiciliárias e uma busca à Unidade de Saúde Familiar (USF), "onde as duas suspeitas exerciam funções, resultando destas diligências a apreensão, entre outros, de um enorme acervo de documentação utilizada em processos de atribuição de forma indevida de números de utentes, que inequivocamente correlacionam as detidas, com a prática, entre outros, dos crimes de corrupção passiva, associação de auxílio à imigração ilegal e falsidade informática".
As duas trabalhadores, de 40 e 54 anos, foram detidas na sequência de mandados de detenção emitidos pelo DIAP Regional de Coimbra. Serão, em breve, presentes a Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), onde deverão saber que medidas de coação lhes serão aplicadas.
As detenções realizaram-se no âmbito da Operação Gambérria, que já levou à detenção de 16 pessoas e fez com que fossem constituídas arguidas outras 26, entre elas sete empresários, uma advogada e uma funcionária da Direção-Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Esta operação iniciou-se em setembro de 2023, com o intuito de combater grupos criminosos que disponibilizam serviços irregulares a imigrantes - contratos de trabalho, número de identificação fiscal (NIF), número da Segurança Social, número de utente, abertura de contas bancárias, certificados de registo criminal e atestados de residência -, mediante o pagamento de valores elevados. Embora estivessem regularizados em Portugal, muitos destes imigrantes residiam, na realidade, noutros países europeus.
Nas buscas que têm sido realizadas ao longo da operação participaram cerca de 200 elementos da Polícia Judiciária, que colaboraram com unidades especializadas, com juízes e procuradores.