A Lituânia poderá fechar novamente a sua fronteira com a Bielorrússia depois de o contrabando de cigarros através de balões ter perturbado os voos e se ter alastrado à Letónia. O alerta é da primeira-ministra Rugienenė.
A Lituânia poderá fechar novamente a fronteira com a Bielorrússia após um ressurgimento do contrabando de cigarros através de balões, que perturbou os voos e atravessou a fronteira para a vizinha Letónia, alertou a primeira-ministra Inga Ruginienė.
"Vimos sinais positivos do outro lado da fronteira (após a reabertura das passagens). Mas, quando a situação muda, temos o direito e a possibilidade de considerar outras medidas mais rigorosas", disse Ruginienė aos jornalistas na segunda-feira.
"Temos de nos reunir e discutir todas as ações que estamos a tomar. Podemos fechar a fronteira e tomar uma decisão se a situação não melhorar", acrescentou.
Rugienenė disse que a possibilidade de restabelecer as restrições às fronteiras seria discutida com ministros e altos funcionários de segurança numa reunião da Comissão de Segurança Nacional.
O aviso veio após uma série de incidentes que interromperam as operações do aeroporto de Vilnius várias vezes.
Dezenas de voos foram cancelados, outros atrasaram-se e muitos foram desviados para outros aeroportos.
O aeroporto de Vilnius foi temporariamente fechado na última quinta-feira — no mesmo dia em que a fronteira reabriu após um encerramento anterior.
De acordo com o chefe do Centro Nacional de Gestão de Crises, Vilmantas Vitkauskas, a Lituânia enfrentou o seu maior ataque com balões a transportar contrabando durante o fim-de-semana.
Vilnius caracterizou os incidentes com balões como uma forma de ataque híbrido.
"Vemos que o ataque híbrido está a expandir-se geograficamente e, esta noite, vimos balões a atravessar a fronteira com a Letónia", disse Rugienenė. "Isto significa que já não se trata de um problema da Lituânia, mas sim de um problema de uma região mais vasta".
A primeira-ministra afirmou que o encerramento inicial da fronteira produziu resultados positivos, levando a uma redução significativa dos incidentes com balões.
Em resposta ao encerramento da fronteira da Lituânia, Minsk impediu os camiões lituanos de saírem da Bielorrússia, deixando muitos retidos.
"Os balões contrabandeados estão a voar e provavelmente continuarão a voar», afirmou Rugienenė. "O encerramento da fronteira demonstrou uma coisa: estávamos certos em avaliar isto como um ataque híbrido."
Letónia interceta vários balões num único dia
Entretanto, vários balões também transportadores de contrabando foram detetados na Letónia, no domingo, de acordo com o ministro do Interior, Rihards Kozlovskis, em declarações à televisão TV3.
"O trabalho ainda está em curso e os volumes estão a ser esclarecidos, mas este fenómeno existe", afirmou Kozlovskis.
Os sistemas de radar das forças armadas registaram os balões, cada um transportando em média cerca de 60 mil cigarros, a voar a uma altitude de aproximadamente 5 quilómetros e a entrar na Letónia vindos da Bielorrússia.
A polícia disse que os balões foram usados para contrabandear 720 mil cigarros para o país. Um balão aterrou numa floresta a 60 quilómetros da fronteira.
"São quase impossíveis de controlar, são levados pelo vento", afirmou Valdis Juksh, chefe do Departamento Regional de Daugavpils da Guarda de Fronteiras do Estado.
"Após algum tempo, quando o gás arrefece, eles descem, mas o local onde vão aterrar é completamente imprevisível. Têm localizadores GPS acoplados e é assim que as pessoas envolvidas nesta atividade ilegal os rastreiam e recuperam", explica.
Dois habitantes locais foram detidos por suspeita de contrabando.
De acordo com o serviço de fronteiras, tem-se verificado um aumento da migração ilegal, com 30 pessoas detidas nas últimas 24 horas por tentarem entrar ilegalmente na Letónia.