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Putin promete que Moscovo conquistará o Donbass à força se as tropas ucranianas não se retirarem

Vladimir Putin gesticula durante uma entrevista com jornalistas e executivos dos canais de televisão Aaj Tak e India Today no Kremlin em Moscovo, Rússia, quarta-feira, 3 de dezembro de 2025.
Vladimir Putin gesticula durante uma entrevista com jornalistas e executivos dos canais de televisão Aaj Tak e India Today no Kremlin em Moscovo, Rússia, quarta-feira, 3 de dezembro de 2025. Direitos de autor  Vyacheslav Prokofyev/Sputnik
Direitos de autor Vyacheslav Prokofyev/Sputnik
De Jerry Fisayo-Bambi com AP
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Os comentários de Putin seguem-se à última série de reuniões iniciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, no que tem sido a mais intensa iniciativa diplomática para pôr fim aos combates desde que a Rússia lançou a sua guerra contra a Ucrânia há quase quatro anos.

O presidente russo, Vladimir Putin, voltou a alertar, na quinta-feira, que as suas tropas conquistarão a região oriental do Donbass, na Ucrânia, por via da força, caso ela não seja cedida por Kiev, tendo descrito algumas propostas do plano dos EUA para acabar com a guerra na Ucrânia como inaceitáveis para o Kremlin.

Putin, que se encontra em visita de Estado à Índia, disse numa entrevista que as propostas dos EUA discutidas na sua reunião com os enviados norte-americanos se baseavam em discussões anteriores entre a Rússia e os EUA, incluindo a sua reunião com Trump no Alasca em agosto, mas também incluíam novos elementos.

Afirmou ainda que a Rússia cumprirá os objetivos que estabeleceu e ocupará toda a região oriental de Donetsk. "Tudo isto se resume a uma coisa: ou recuperamos estes territórios pela força, ou eventualmente as tropas ucranianas se retiram", disse Putin ao India Today.

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, sempre recusou esta exigência, afirmando, ainda em agosto, que o abandono da região do Donbass abriria a porta a Putin para que "iniciasse uma terceira guerra" na Ucrânia.

A Rússia já controla a maior parte do Donbass - nome dado a Donetsk e à região vizinha de Luhansk - que, juntamente com duas regiões do sul, anexou ilegalmente há três anos, mas a Ucrânia diz que as suas tropas continuam a manter um controlo firme das áreas sob o seu domínio.

Os comentários de Putin surgem na sequência da mais recente vaga de reuniões iniciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, naquele que tem sido o mais intenso esforço diplomático para pôr termo aos combates desde que a Rússia lançou a invasão em larga escala sobre o seu vizinho, há quase quatro anos.

Mas o esforço esbarrou, mais uma vez, em exigências difíceis de conciliar, especialmente sobre se a Ucrânia deve ceder território à Rússia e como pode ser mantida a salvo de qualquer agressão futura por parte de Moscovo.

A posição maximalista e intransigente do líder russo também antecedeu a reunião planeada entre o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e o seu genro Jared Kushner com a delegação ucraniana liderada por Rustem Umerov.

Não houve confirmação imediata se essa reunião ocorreu.

Conversações entre Kiev e responsáveis dos EUA ocorreram?

A reunião no Shell Bay Club, um clube de golfe desenvolvido por Witkoff em Hallandale Beach, estava provisoriamente marcada para começar às 17:00 (horário da costa leste dos EUA), de acordo com um funcionário familiarizado com a logística.

Segundo Putin, as negociações de cinco horas que teve, na terça-feira, com Witkoff e Kushner foram "necessárias" e "úteis", mas também "difíceis", tendo considerado ainda que algumas propostas eram inaceitáveis.

"Tivemos de analisar praticamente todos os pontos, por isso demorámos tanto tempo", disse Putin. "Foi uma conversa significativa, altamente específica e substantiva. Por vezes, dizíamos: 'Sim, podemos discutir isto, mas com aquilo não podemos concordar'".

Trump referiu, na quarta-feira, que Witkoff e Kushner abandonaram a maratona de negociações confiantes de que Putin quer acabar com a guerra. "Ficaram com uma impressão muito forte de que ele gostaria de fazer um acordo", acrescentou.

O presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegam ao gabinete do primeiro-ministro indiano em Nova Deli, Índia, 4 de dezembro de 2025
O presidente russo, Vladimir Putin, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegam ao gabinete do primeiro-ministro indiano em Nova Deli, Índia, 4 de dezembro de 2025 Alexander Kazakov/AP

No entanto, Putin, cuja visita de Estado à Índia é a primeira desde o início da guerra na Ucrânia, não mostrou sinais de qualquer compromisso ou intenção de chegar a um acordo, recusando-se a dar mais detalhes sobre o que a Rússia poderia aceitar ou rejeitar.

Destacou ainda que a proposta de paz inicial dos EUA, com 28 pontos, foi reduzida para 27 pontos e dividida em quatro pacotes.

No contexto do resultado dececionante das conversações de Putin com os enviados dos EUA, os líderes europeus, deixados à margem por Washington enquanto os funcionários dos EUA se envolvem diretamente com Moscovo e Kiev, acusaram Putin de fingir interesse na iniciativa de paz de Trump.

O presidente francês, Emmanuel Macron, reuniu-se em Pequim com o líder chinês, Xi Jinping, procurando envolvê-lo na pressão sobre a Rússia com vista a obter um cessar-fogo.

Xi, cujo país tem prestado um forte apoio diplomático a Putin, não respondeu ao apelo de França, mas afirmou que "a China apoia todos os esforços que visam a paz".

Entretanto, os bombardeamentos russos contra zonas civis da Ucrânia continuaram durante a noite de quinta-feira. Um míssil atingiu Kryvyi Rih na noite de quarta-feira, ferindo seis pessoas, incluindo uma menina de três anos, de acordo com o chefe da administração municipal, Oleksandr Vilkul.

O ataque à cidade natal do presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, danificou mais de 40 edifícios residenciais, uma escola e tubos de gás domésticos, disse Vilkul.

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