Dos transportes à saúde e à educação, Portugal estará, em grande medida, paralisado na quinta-feira com a primeira greve geral a juntar as duas centrais sindicais nos últimos doze anos.
Esta quinta-feira, 11 de dezembro, uma grande parte de Portugal vai parar, com a primeira greve geral em 12 anos organizada pelas duas centrais sindicais, a CGTP e a UGT, contra o pacote laboral proposto pelo governo. Que serviços vão estar a funcionar, quais aqueles que apenas funcionarão parcialmente e quais os que não vão estar a funcionar de todo?
Transportes
A greve geral vai deixar uma grande parte do país sem transportes públicos. Na Grande Lisboa, apenas alguns autocarros e comboios vão circular, já que o Conselho Económico e Social (CES) fixou serviços mínimos para a CP e para a Carris. No que toca à Carris (autocarros e elétricos da Grande Lisboa), ficam assegurados os serviços de 12 carreiras: 703 (129 viagens), 708 (115 viagens), 717 (162 viagens), 726 (128 viagens), 735 (162 viagens), 736 (165 viagens), 738 (85 viagens), 751 (165 viagens), 755 (128 viagens), 758 (182 viagens), 760 (120 viagens) e 767 (160 viagens). Estão igualmente assegurados os serviços da Carris destinados às pessoas com mobilidade reduzida.
Tanto a CP (Comboios de Portugal) como a Fertagus, empresa que opera o comboio que atravessa o rio Tejo e a Medway, principal empresa de transporte ferroviário de mercadorias, operam com serviços mínimos, garantidos pela IP - Infraestruturas de Portugal, incluindo nas linhas de longo curso.
Se os poucos autocarros e comboios parecem ser a única solução em termos de transporte público para quem circula na Grande Lisboa, a situação agrava-se com o metro de Lisboa completamente encerrado durante todo o dia.
A empresa gestora do metropolitano lisboeta recorreu da decisão do CES de não decretar serviços mínimos, mas o Tribunal Arbitral da instituição rejeitou o recurso.
Os barcos da Transtejo e da Soflusa, que asseguram as travessias do Tejo, estão também sujeitos a serviços mínimos.
Com muito poucos transportes a circular, prevê-se assim um trânsito intenso na zona da capital e, se não fizer greve, o teletrabalho será talvez a melhor solução.
Quanto ao Grande Porto, será muito difícil apanhar um transporte público durante todo o dia, já que o CES decidiu não decretar serviços mínimos na STCP. Já o metro do Porto irá funcionar com serviços muito reduzidos: apenas haverá operação na Linha Amarela (D), entre as estações do Hospital São João e de Santo Ovídio e no tronco comum, entre Campanhã e a Senhora da Hora, com uma frequência de dois veículos por hora e por sentido, das 06h00 à 01h00, mais dois veículos por hora e por sentido entre as 07h00 e as 20h00. Não haverá serviço nas linhas Azul (A), Vermelha (B), Verde (C), Violeta (E) e Laranja (F).
Em Coimbra, o metrobus funciona com o serviço completo, mas vários outros transportes são reduzidos a serviços mínimos.
Aeroportos e linhas aéreas
Apenas uma pequena parte dos voos da TAP será assegurada: além de todos os voos de regresso para Lisboa e Porto, a companhia portuguesa assegura uma parte dos voos entre as duas cidades, para a Madeira e Açores, três voos de ida e volta para o Brasil, dois para os EUA e apenas um voo para uma lista de países: Bélgica, Luxemburgo, Reino Unido, Alemanha, Suíça, França, Cabo Verde e Guiné-Bissau. Todos os outros serão cancelados.
A Easyjet irá também operar apenas uma pequena parte dos voos previstos a partir do Aeroporto de Lisboa, nomeadamente para a Madeira, Porto, Basileia, Londres, Luxemburgo e Genebra. A SATA internacional chegou a acordo com os sindicatos para realizar nove voos, incluindo alguns entre o Continente e os Açores e outros entre as nove ilhas açorianas.
Quanto às viagens das companhias estrangeiras com partida em Portugal, mesmo sem estarem diretamente afetadas pela greve, poderão ser canceladas devido à forte redução do serviço de handling. Se no caso da SPdH (Menzies) há um acordo com os sindicatos para assegurar 30% dos voos das companhias clientes, já a Portway está apenas sujeita a serviços mínimos.
Saúde
O melhor é mesmo não adoecer na quinta-feira, pois os serviços de saúde vão estar a funcionar com serviços mínimos, nomeadamente o INEM, os blocos operatórios das urgências, os serviços de hemodiálise e tratamentos de quimioterapia, radioterapia e medicina nuclear, bem como os serviços complementares considerados indispensáveis à realização desses serviços (medicamentos, exames de diagnóstico, colheitas, esterilização), assim como os cuidados paliativos e oncológicos. Todos os serviços considerados inadiáveis e/ou indispensável são mantidos.
No entanto, todas as situações que não forem consideradas urgentes poderão gerar longas esperas, pelo que o melhor é mesmo não contar com um atendimento rápido e eficiente na quinta-feira.
Educação
Os dois principais sindicatos dos professores, FENPROF (afeto à CGTP) e SINDEP (UGT), aderiram à greve, pelo que muitos alunos ficarão sem aulas no dia 11 e, provavelmente, muitas escolas nem sequer abrirão as portas. No entanto, a "gazeta" pode mesmo prolongar-se até ao fim de semana, já que os sindicatos da Função Pública apelam à greve também na sexta-feira e várias escolas podem ficar fechadas durante os dois dias.