No entanto, o Governo de Viktor Orbán continua determinado a manter as importações de hidrocarbonetos russos, apesar da pressão crescente de Bruxelas e Washington.
A Hungria assinou um contrato de fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) por dez anos com o grupo francês Engie, anunciou na quinta-feira o ministro húngaro dos Negócios Estrangeiros e do Comércio, Péter Szijjarto.
Péter Szijjarto congratulou-se com "um passo importante para a segurança energética da Hungria", mas sublinhou que a Hungria não tenciona deixar de importar gás da Rússia.
A Engie - que se abastece de GNL através de contratos de longo prazo com vários países, incluindo os EUA e a Argélia - afirma também que "este acordo ajudará a Hungria e a região a diversificar as suas fontes de abastecimento de gás".
Nos termos do acordo, a Engie fornecerá 400 milhões de metros cúbicos de GNL por ano, entre 2028 e 2038, à empresa pública húngara MVM CEEnergy, perfazendo um total de quatro mil milhões de metros cúbicos. Este volume cobrirá cerca de 5% da procura interna húngara.
Este contrato segue-se a outro acordo assinado no mês passado pela Hungria com a empresa britânica Shell para a compra de 200 milhões de metros cúbicos de GLN por ano a partir de janeiro de 2026, ou seja, cerca de 2,5% da sua procura.
O acordo não tem por objetivo "substituir as relações existentes e viáveis"
O anúncio surge numa altura em que a Comissão Europeia apresentou um plano para acabar com as importações de gás russo para a UE até ao final de 2027, em retaliação pela invasão russa da Ucrânia.
Embora o plano tenha o apoio da maioria dos membros da UE, a Hungria e a Eslováquia continuam a opor-se firmemente. Segundo o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, abandonar a energia russa seria um desastre para a economia do seu país.
Péter Szijjarto sublinha que o novo contrato com a Engie não representa, de forma alguma, uma reviravolta do Governo nesta matéria.
"Para nós, a diversificação significa ser capaz de obter energia do maior número possível de fornecedores e rotas e não substituir as relações existentes e viáveis", disse ele, de acordo com o Hungary Today.
Ao mesmo tempo, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continua a pressionar a Hungria para que ponha termo às suas importações de hidrocarbonetos russos, instando a comunidade internacional a cortar todos os laços energéticos com Moscovo.
As vendas de gás e petróleo são uma das principais fontes de financiamento da máquina de guerra russa na Ucrânia. Em 2024, Moscovo ainda forneceria 19% do gás da UE, quase metade do qual sob a forma de GNL.