Os preços das casas nos países da UE aumentaram, na sua maioria, em termos anuais entre abril e junho, com os maiores aumentos a verificarem-se em países como Portugal e a Bulgária.
Os preços das casas na UE continuaram a subir no segundo trimestre de 2025, registando o sétimo aumento consecutivo em relação ao ano anterior.
Nominalmente, os preços aumentaram em todos os países da UE, com exceção da Finlândia, e os custos subiram também em 21 dos 26 países, quando ajustados pela inflação.
Os dados mostram que, embora muitos europeus continuem a ter dificuldades em aceder à habitação, as preocupações com a acessibilidade dos preços ainda não estão a fazer baixar os custos em muitas áreas.
Mas quais foram os países que registaram os maiores aumentos no último ano? E como é que estas tendências se comparam com as mudanças a longo prazo?
Sete países da UE registam um aumento nominal superior a 10%
De acordo com o Eurostat, os preços das casas na UE registaram um aumento médio anual de 5,4% no segundo trimestre de 2025. Sete países registaram aumentos superiores a 10%, com Portugal (17,1%), Bulgária (15,5%) e Hungria (15,1%) a registarem o maior crescimento.
A Croácia (13,2%), Espanha (12,8%), Eslováquia (11,3%) e Chéquia (10,5%) também registaram aumentos de dois dígitos.
Em contrapartida, a Finlândia foi o único país a registar uma descida, com os preços das casas a caírem 1,3% em termos anuais no segundo trimestre de 2025.
Em três países, os preços das casas aumentaram 1% ou menos: França (0,5%), Suécia (0,7%) e Chipre (1%).
Entre as outras grandes economias da UE, os aumentos de preços foram mais modestos e inferiores à média da UE. A Alemanha registou um crescimento de 3,2%, enquanto Itália registou um aumento de 3,9%.
Os preços das casas na Turquia aumentaram nos últimos anos, embora ainda não estejam disponíveis dados relativos ao período mais recente. De acordo com os últimos dados do quarto trimestre de 2024, os preços aumentaram 28,5%.
Preços deflacionados sobem em Portugal e na Bulgária
As variações deflacionadas, ou reais, oferecem uma visão mais exata da evolução dos preços, uma vez que têm em conta a inflação dos preços no consumidor. Quando ajustados à inflação, os preços das casas na UE aumentaram, em média, 2,8%.
Portugal (14,3%) e a Bulgária (14,1%) registaram o maior crescimento dos preços reais, ultrapassando ambos os 14%. Hungria e Espanha (9,2% cada) e a Croácia (8,9%) também registaram aumentos significativos, aproximando-se dos níveis de dois dígitos.
"O aumento dos preços reais da habitação em Portugal tem sido impulsionado pela forte procura estrangeira, sobretudo por parte dos nómadas digitais e dos expatriados que se mudam ao abrigo de incentivos fiscais e programas de residência, combinada com uma persistente escassez de oferta de habitação", disse Mikk Kalmet, da Global Property Guide, à Euronews Business.
O mesmo responsável sublinhou que a escassez de novas construções, especialmente em Lisboa e nas regiões costeiras, aumentou a concorrência pelos imóveis existentes, fazendo subir os preços muito acima do crescimento dos rendimentos locais.
De acordo com o Deloitte Property Index 2025, "o crescimento económico, o acesso mais fácil às hipotecas e o otimismo em torno da adesão à zona euro" desempenharam um papel significativo nos recentes aumentos na Bulgária, uma vez que a procura continua robusta.
Os preços das casas desceram em cinco países em termos reais, embora as quedas tenham sido, na sua maioria, modestas. A Finlândia registou a maior queda, com 2,6%, seguida da Suécia (1,7%) e da Roménia (1,2%). Em França (0,1%) e na Áustria (0,3%), as descidas foram mínimas.
Em Itália (1,8%) e na Alemanha (0,7%), o aumento foi modesto, mantendo-se abaixo dos 2%.
Variação a cinco anos dos preços do imobiliário
A análise das variações de preços a longo prazo também oferece uma melhor imagem da forma como o mercado imobiliário residencial está a evoluir.
Entre os segundos trimestres de 2020 e 2025, os preços reais da habitação registaram o aumento mais acentuado em Portugal, com uma subida de 40,6%. Portugal destaca-se, com todos os outros países a subirem menos de 30%.
"A influência da pandemia continua a ser um fator chave, uma vez que cada vez mais os funcionários e empresários podem operar remotamente a partir de qualquer lugar e o regime fiscal dos Residentes Não Habituais aumentou a popularidade de Portugal", disse Alex Koch de Gooreynd, da Knight Frank, à Euronews Business.
O especialista sublinhou que o mercado tradicional em Portugal sempre foi liderado por compradores e investidores que procuram oportunidades em todos os principais centros: Porto, Lisboa, Cascais, Comporta e Algarve.
"Uma nova tendência tem sido o aumento da procura das zonas rurais mais calmas do Alentejo, tanto por parte de investidores como de famílias", acrescentou.
A Croácia (29,9%), a Hungria (29,4%), a Lituânia (28,8%), a Bulgária (25,1%), a Estónia (22,5%) e a Eslovénia (20,3%) registaram igualmente um forte crescimento real, superior a 20%.
A Finlândia registou a maior descida durante este período, com os preços reais das casas a descerem 18%, seguida da Roménia (-13,7%) e da Suécia (-10%).
"A queda acentuada dos preços das casas na Finlândia reflete uma combinação de fraco crescimento económico, aumento do desemprego e o aumento acentuado das taxas de juro desde 2022, que corroeu a acessibilidade e congelou a procura", afirmou Mikk Kalmet.
O especialista observou que os volumes de transação caíram para mínimos históricos, enquanto um grande stock de casas novas não vendidas colocou mais pressão sobre os preços, especialmente na Grande Helsínquia.
Entre as quatro maiores economias da UE, apenas Espanha (+14%) registou um aumento, enquanto os preços caíram na Alemanha (-8,5%), França (-6,1%) e Itália (-3%).
Quanto a Espanha, Croácia e Grécia, Kalmet observou que estes mercados beneficiam de compradores internacionais, de uma procura ligada ao turismo e de uma acessibilidade relativa em comparação com a Europa do Norte e Ocidental. No entanto, o aumento dos custos dos empréstimos está a abrandar gradualmente o crescimento dos preços em algumas cidades.
Nos últimos cinco anos, a Turquia registou um aumento dramático dos preços da habitação. De finais de 2019 a finais de 2024, os preços nominais aumentaram 1.175%, enquanto a inflação subiu cerca de 500%, de acordo com o Eurostat.