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Europa envelhece e perde população: Pode o alargamento trazer uma nova vida à UE?

A Europa está a envelhecer: Poderá o alargamento trazer uma nova vida à UE?
A Europa está a envelhecer: Poderá o alargamento trazer uma nova vida à UE? Direitos de autor  Copyright 2017 The Associated Press. All rights reserved.
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De Servet Yanatma
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Prevê-se que a população da UE atinja um pico de cerca de 453 milhões de habitantes em 2026, antes de iniciar um declínio gradual. Em 2100, se a migração for zero, o Eurostat prevê que a população da UE tenha diminuído 34%, o que afetará significativamente a mão de obra.

A população da União Europeia diminuirá em um terço até ao final do século se não houver migração, perdendo o equivalente a um milhão de trabalhadores por ano nos próximos 25 anos, uma vez que Itália e Espanha enfrentam um colapso demográfico iminente, segundo os dados mais recentes.

De acordo com as projeções oficiais do Eurostat, a população da UE diminuirá cerca de 9% até 2050, em comparação com 2025, se a migração cessar totalmente. Prevê-se que o declínio continue nas décadas seguintes, atingindo 23% em 2075 e 34% em 2100.

A escassez de mão de obra é um aspeto fundamental das alterações demográficas. De acordo comPeter Bosch, investigador associado sénior do Instituto Egmont, prevê-se que a UE perca cerca de 1 milhão de trabalhadores por ano até 2050.

Se as taxas de participação no mercado de trabalho por idade e sexo se mantiverem nos níveis médios observados entre 2011 e 2022, prevê-se que a população ativa diminua 20,2% até 2070. Isto equivale a cerca de 42,8 milhões de trabalhadores a menos, de acordo com um relatóriodo Centro Comum de Investigação (CCI) da Comissão Europeia. Em cenários menos favoráveis, o declínio poderá ser ainda mais acentuado, atingindo 26,7% ou 55,9 milhões de pessoas.

Os investigadores do CCI sublinham que "a migração pode desempenhar um papel crucial na formação do mercado de trabalho da UE nas próximas décadas, especialmente se os migrantes forem empregados e integrados com êxito na força de trabalho".

Vários estudos exploraram a forma como um possível alargamento da UE poderia ajudar a resolver a escassez de mão de obra prevista. AComissão Europeia refereque o histórico alargamento de 2004, conhecido como o "Big Bang", trouxe benefícios significativos e um forte crescimento económico tanto para os novos Estados-membros como para a UE no seu conjunto.

Como é que a população da Europa deverá mudar até 2050 e 2100? Que países registarão as reduções mais acentuadas? E como se compara a idade média entre os Estados-membros da UE e os países candidatos?

As projeções do Eurostat mostram claramente que os Estados-membros da UE deverão registar um declínio acentuado da população nas décadas que antecedem 2100.

Para cada 100 pessoas na UE em 2025, haverá 91 em 2050, 77 em 2075 e apenas 66 em 2100, se não houver migração. Por outras palavras, uma em cada três pessoas desapareceria nos próximos 75 anos.

Itália e Espanha perderão metade da população até 2100

De acordo com o Eurostat, se não houver migração, prevê-se que Itália e Espanha percam cerca de metade da sua população até 2100. A população de Itália deverá diminuir 52% e a de Espanha 49%, em comparação com os níveis de 2025.

Prevê-se igualmente que vários outros países registem reduções superiores a 40%, incluindo Malta (48%), Portugal (44%), Grécia (44%) e Croácia (40%).

Entre os Estados-membros da UE, França e Irlanda deverão ser os menos afetados pelo declínio da população, de acordo com as projecções do Eurostat. Prevê-se que a população de França diminua apenas 13% e a da Irlanda 15% até 2100.

De facto, a Irlanda deverá ser o único país da UE cuja população deverá crescer até 2050, com um aumento de cerca de 4% em relação aos níveis de 2025.

Como é que a UE se compara em termos de idade com os países candidatos?

Em geral, os países candidatos à UE têm populações mais jovens do que a média da União, com exceção da Sérvia e da Ucrânia. De acordo com o Eurostat, em 2024, 30,8% da população da UE tinha entre 0 e 29 anos. Apenas a Sérvia (30,1%) e a Ucrânia (30,4%) excederam esta percentagem.

Os outros sete países candidatos têm populações significativamente mais jovens, com a proporção de jovens a ultrapassar os 40% na Turquia (44,3%) e no Kosovo (48,3%).

A Turquia destaca-se com uma população de mais de 85 milhões de habitantes em 2024, apesar de as negociações de adesão à UE estarem atualmente paradas.

Fonte: Eurostat

Uma vez que o envelhecimento é também uma realidade nos países candidatos e que a maioria tem populações relativamente pequenas, à exceção da Turquia, o impacto do potencial alargamento da UE permanece incerto.

Um relatório recente do Carnegie Endowment, elaborado por Stefan Lehne e colegas, refere que "os países candidatos, tal como grande parte da Europa Central e Oriental, enfrentam também um declínio demográfico e uma escassez de mão de obra".

De acordo com o relatório do CCI, A Demographic Perspective on the Future of European Labour Force Participation, a migração pode aumentar a dimensão da futura população em idade ativa.

O alargamento, por si só, pode não inverter totalmente o declínio demográfico da Europa, mas pode dar o impulso de que a UE necessita para o resolver. A Comissão Europeia cita, mais uma vez, o histórico alargamento "Big Bang" de 2004 como uma história de sucesso: "Nos últimos 20 anos, tanto a UE como os novos países aderentes registaram crescimento e prosperidade", declarou a Comissão.

Peritos do BCE: Os trabalhadores estrangeiros podem ajudar

Uma análise recente feita por peritos do Banco Central Europeu (BCE) sublinhou também que os trabalhadores estrangeiros estão a desempenhar um papel cada vez mais importante nos mercados de trabalho da zona euro.

Os peritos observaram que o envelhecimento da população da região coloca sérios desafios à expansão da força de trabalho e, consequentemente, ao crescimento económico.

"Como mostram os nossos dados, os trabalhadores estrangeiros podem ajudar a enfrentar e a ultrapassar estes desafios. O afluxo de trabalhadores estrangeiros nos últimos anos apoiou o crescimento robusto da população ativa da área do euro, compensando, de certa forma, as tendências demográficas negativas", referem os especialistas do BCE.

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