Newsletter Boletim informativo Events Eventos Podcasts Vídeos Africanews
Loader
Encontra-nos
Publicidade

Ford revê estratégia elétrica face à procura em queda e ambiente político hostil

ARQUIVO. Logótipo da Ford. Littleton, Colorado. 2 nov. 2025.
Arquivo. Logótipo da Ford. Littleton, Colorado. 2 nov. 2025. Direitos de autor  AP/David Zalubowski
Direitos de autor AP/David Zalubowski
De AP with Euronews
Publicado a Últimas notícias
Partilhar Comentários
Partilhar Close Button

Empresa vai apostar na produção de veículos híbridos e a gasolina. Quanto aos elétricos, marca prefere modelos mais pequenos e acessíveis.

A marca Ford está a afastar-se dos até há pouco ambiciosos planos para veículos elétricos, numa altura de perdas financeiras, priveligiando agora o investimento em motores a gasolina e híbridos, disse a empresa na segunda-feira.

Sediada em Detroit, a fabricante, que tal como a maioria dos concorrentes investiu milhares de milhões na eletrificação, anunciou que deixará de produzir a pick-up elétrica F-150 Lightning, optando antes por uma versão de autonomia alargada do modelo.

Ford vai também introduzir alterações na produção. O Tennessee Electric Vehicle Center, parte do campus BlueOval City e antes apontado como o futuro dos veículos elétricos e baterias da Ford, passa a chamar-se Tennessee Truck Plant e produzirá, em alternativa, novos camiões a gasolina de preço acessível. A Ohio Assembly Plant da Ford irá fabricar uma nova carrinha a gasolina e híbrida.

Futuro de BlueOval City

Desde 2023, a empresa perdeu 13 mil milhões de dólares (11,06 mil milhões de euros) com os veículos elétricos e diz esperar um impacto de 19,5 mil milhões de dólares (16,59 mil milhões de euros), sobretudo no quarto trimestre, devido ao negócio dos veículos elétricos.

"Esta é uma mudança orientada pelo cliente para tornar a Ford mais forte, resiliente e rentável", disse o CEO Jim Farley, em comunicado.

"A realidade operacional mudou e estamos a redirecionar capital para oportunidades de crescimento de maior retorno: Ford Pro, os nossos camiões e carrinhas líderes de mercado, híbridos e oportunidades de elevada margem como o novo negócio de armazenamento de energia em baterias."

A Ford diz esperar que, até 2030, metade das vendas globais sejam híbridos, veículos elétricos de autonomia alargada, que também incluem um motor a gasolina, e veículos elétricos, acima dos 17% deste ano.

"A eliminação da F-150 Lightning elétrica pela Ford não surpreende depois de a pick-up não ter chegado a ocupar a capacidade da fábrica. A opção da Ford de converter um camião a gasolina existente para aceitar o sistema de propulsão elétrico ajudou a reduzir os custos iniciais, o que, em retrospetiva, foi a decisão acertada", disse Sam Fiorani, vice-presidente da AutoForecast Solutions, à Associated Press.

"Há meses que o futuro de BlueOval City estava em dúvida e este anúncio fixa a orientação desta grande fábrica", acrescentou Fiorani. "Adicionar um veículo acessível à gama da Ford preenche uma lacuna evidente no mercado."

Obstáculos à eletrificação

Nos últimos anos, vários outros fabricantes ajustaram os planos para produtos eletrificados, numa altura em que a procura por veículos elétricos nos Estados Unidos ficou aquém das expectativas.

Os veículos elétricos representaram cerca de 8% das vendas de automóveis novos nos Estados Unidos no último ano, mas fatores como o custo e a infraestrutura de carregamento continuam a preocupar o comprador comum.

O preço médio de transação de um novo veículo elétrico no mês passado foi de 58 638 dólares (49 900 euros), face a 49 814 dólares (42 400 euros) para um automóvel novo no geral, segundo o Kelley Blue Book.

Entretanto, apesar de a disponibilidade de carregamento público ter melhorado, o setor tem apostado no carregamento doméstico como argumento de venda, e nem todos têm acesso a carregamento em casa.

Viragem política

Desde que reassumiu o cargo, o presidente dos EUA, Donald Trump, alterou drasticamente a política dos EUA, afastando-a dos veículos elétricos e das medidas favoráveis aos veículos elétricos estabelecidas sob o ex-presidente Joe Biden.

Embora as políticas da era Biden, incluindo incentivos fiscais generosos para consumidores e regras de emissões e consumo para os fabricantes, tenham incentivado a adoção de veículos elétricos, nenhuma obrigava a indústria a vender ou os norte-americanos a comprar veículos elétricos. Biden tinha como meta que metade das novas vendas de automóveis nos Estados Unidos fosse elétrica até 2030.

A administração Trump reduziu essa meta, eliminou os créditos fiscais para veículos elétricos e propôs o abrandamento das regras de emissões e consumos.

"A combinação da lenta adoção de veículos elétricos pelo público e da postura mais branda da administração Trump sobre consumos e emissões levou todos os fabricantes a repensar a sua direção atual", acrescentou Fiorani. "Os veículos elétricos continuam a ser o futuro, mas a transição para os elétricos sempre iria demorar mais do que os fabricantes têm vindo a prometer ao público."

Ir para os atalhos de acessibilidade
Partilhar Comentários

Notícias relacionadas

Carros elétricos em Israel: uma bomba-relógio mais mortífera do que os mísseis iranianos?

UE confirma aplicação de tarifas elevadas aos carros elétricos chineses

Tarifas sobre carros elétricos chineses chegam ao momento da verdade