O Zero é um movimento de arte vanguardista alemão surgido após a II Guerra Mundial e é a base de uma exposição que acaba de abrir em Berlim. Era uma corrente focada na luz e no dinamismo, que procurava dar algum otimismo à arte depois dos anos cinzentos do pós-guerra.
A exposição está patente no museu Martin-Gropius-Bau. São 3.000 metros quadrados preenchidos com cerca de 175 obras numa retrospetiva dos 10 anos em que durou este o movimento Zero desde que foi fundado em 1957.
Kostenlos zur ZERO-Ausstellung? Wer am 11.4. ab 20h weiß gekleidet zur PerformanceNacht kommt, zahlt nix #MuseumWeekpic.twitter.com/tZfAfiwihY
— Martin-Gropius-Bau (@GropiusBau) 24 março 2015
“Quando começaram, eles procuraram partir de facto do zero. Era uma altura de pós-guerra em que a cultura germânica estava como que falida. Ninguém sabia como a relançar ou sequer como fazer arte. Queriam começar do nada e este foi um dos momentos. Colocaram de parte as tradicionais formas de pintar. Já não estavam a fazer pinturas de luz, eles estavam a utilizar a própria luz”, explica Daniel Birnbaum, representante da Fundação Zero e diretor do Museu de Arte Moderna de Estocolmo, na Suécia.
Os fundadores do Zero foram Heinz Mack e Otto Piene. Mais tarde juntou-se-lhes Guenther Uecker. O movimento é visto por alguns como uma reação ao expressionismo abstrato, numa corrente em que a arte deve ser desprovida de cor, de emoção ou de expressão do indivíduo. A própria palavra “zero” expressa “uma zona de silêncio, virgem, um novo começo.”
Holandês de nascimento, a viver na Alemanha, Herman de Vries, de 84 anos, ainda hoje gosta de voltar ao começo: “O Zero representa liberdade, é ter a mente aberta. É um ponto ao qual podemos sempre regressar. O Zero é como um portão, um portão que está aberto e esse portão está em toda a parte. E toda a parte não é lado nenhum. Lado nenhum… é isto”
O movimento “Zero” extinguiu-se em 1967. Mas o interesse nesta corrente de arte tem ressurgido nos últimos anos, com algumas obras a serem arrebatas por altos valores em leilões.
Os promotores garantem, entretanto, que em Berlim está a maior coleção jamais reunida do movimento Zero. A exposição mantém-se no Martin-Gropius-Bau até 8 de junho. Em julho, muda-se para o Museu Stedelijk, em Amesterdão, na Holanda.