A companhia sul-africana Third World Bunfight adaptou a ópera “MacBeth” de Verdi à realidade da República Democrática do Congo.
A companhia sul-africana Third World Bunfight adaptou a ópera “MacBeth” de Verdi à realidade da República Democrática do Congo. A obra acaba de subir ao palco, no Festival de Atenas, na Grécia, e tem merecido os aplausos da crítica e do público.
A obra Macbeth conta a história de um homem que se torna num tirano no seu país em nome do poder da ambição e da soberba e mata toda a gente. Para mim, esta peça faz eco à situação do Congo dominada pelo oportunismo e pelos interesses pessoais. Dezenas de milhões de pessoas estão a morrer e eu quis criar uma ponte entre as duas situações”, sublinhou o encenador Brett Bailey.
“O conflito no Congo é orquestrado por empresas multinacionais que querem aceder aos minérios do país. Nós dependemos da venda desses minérios usados nas câmaras, nos smartphones e nos computadores. Por isso, somos um pouco cúmplices da situação”, acrescentou Bailey.
Owen Metsileng veste a pele de Macbeth. “Para mim, Macbeth é um papel muito exigente devido à minha idade e à minha experiência. O papel exige um ator forte, em termos emocionais e vocais”, sublinhou o cantor sul-africano.
Um dos temas abordados no filme é a relação entre o continente africano e o mundo ocidental.
“Sou sul-africano. Cresci durante o Apartheid durante vinte cinco anos, o que influenciou a pessoa que eu sou. Interesso-me pelo tema das relações raciais em África e fora de África e pelas relações pós-coloniais e neocoloniais entre África e o Ocidente. Isso está presente na minha peça “Exhibit B”, em “Macbeth” e no meu próximo trabalho que trata da crise dos refugiados no Médio Oriente, no norte de África e na Europa. É o fio condutor da minha obra”, frisou o encenador.
A ópera “Macbeth” vai ser apresentada em várias cidades europeias e norte-americanas.