O tenor francês dá vida ao apaixonado Nemorino, que tudo faz para conquistar Adina.
O tenor francês Benjamin Bernheim falou com a Euronews na noite de estreia de Elixir de Amor, de Gaetano Donzetti, de 1832, na Ópera Estatal de Viena, a Staastoper.
Um momento intimista a não perder neste bónus web.
"Como é a primeira vez que trabalho aqui e como é a primeira vez que faço este papel, tudo o que quero é conseguir faze-lo com serenidade. Se o público gostar, claro que ficarei feliz", explicou Bernheim.
"Estamos a mais ou menos a uma hora e vinte, uma hora e um quarto do espetáculo. Estou contente."
Benjamin Bernheim é maquilhado enquanto fala connosco. Não conhece ainda os cenários criados para Elixir de Amor na Staatoper.
"Ainda não vi o palco, mas passo por lá em 10 minutos e vou descobrir tudo, o cenário, o som, as madeiras, os odores... É quando nos sentimos mais criativos, porque estamos num ambiente novo, num lugar que desconhecemos e, normalmente, é nestes momentos que mais coisas se passam, coisas interessantes."
Mas a verdade é que o tenor francês tem rituais que cumpre escrupulosamente antes de qualquer prestação. Rituais que passam pelo conhecimento do espaço, do cheiro e da energia onde canta:
"Normalmente, quando canto, seja qual for a situação, vou sempre ao palco antes de começar o espetáculo, para impregnar-me com esse palco, com essa energia. É algo que faço sempre. Venho sempre cedo porque gosto de sentir essa calma do teatro, de sentir o teatro."
Um aquecimento sem pressas
Importante também, explicou Bernheim à Euronews, é o aquecimento, algo que faz sem pressas e sem nervos. O importante é a tranquilidade:
"Aqueci a voz, calmamente, bem devagar, há alguns minutos, sem esforçar demasiado a coisa. Preocupo-me sempre com isso tenho o cuidado de não cantar no dia anterior a um espetáculo e de poupar energia. É uma forma de estar. É preciso que aprendamos a conhecer-nos. É preciso ouvir o nosso corpo e a nossa voz. E respeitarmos o nosso instrumento."
Acima de tudo, o tenor tem consciência do grau de exigência d a presença em palco de quem encarna uma das personagens principais da ópera de Donzetti:
"Não exigimos a mesma coisa a quem canta ópera e a quem canta rock. Não temos microfone e não temos ajuda em termos de som. É a voz, sozinha, que deve conseguir impor-se a uma orquestra e isso é algo muito sério."